Por que acreditamos em fake news?


O ritmo da vida no século XXI criou tempestades de informações que dominam nossos sentidos. Ouvimos com frequência que é impossível assimilar todas as informações que recebemos.
Mas é menos comum que alguém comente que baseamos nossos julgamentos em informações que não provêm de nenhuma fonte externa. Em outras palavras, nosso julgamento é influenciado pela maneira de agir e pensar de outras pessoas.
Pense em um cenário simples. Você está em um cinema lotado quando, de repente, o pânico se espalha entre as pessoas ao seu redor e elas se precipitam para a saída. Qual é sua reação? Você nota que as pessoas estão com medo de algo que lhe passou despercebido. Mas o medo delas é genuíno, por isso, você também corre para a saída.
É possível que tenha sido um alarme falso, mas é natural que a reação imediata seja de seguir as pessoas em pânico. Mas as tempestades de informações da era digital alteraram a forma como interagimos com as pessoas e o mundo que nos cerca. Agora, não somos mais tão confiantes em nossas percepções e os erros e as manipulações que permeiam o conjunto de informações que recebemos nos assustam.
Vincent F. Hendricks e Pelle G. Hansen, autores do livro Infostorms, sugeriram uma alternativa interessante para enfrentar com menos estresse o mundo virtual que nos bombardeia com informações diárias.
Em vez da angústia de viver em um mundo da pós-verdade dominado por forças irracionais, é preciso ter uma visão mais clara e menos emocional da dinâmica das informações divulgadas nos sites e nas redes sociais.
Assim que alguém faz uma publicação em uma rede social, os que o compartilham podem ter dúvidas quanto à sua veracidade. Mas, em vez de pesquisar o assunto, as pessoas, em geral, recorrem a um método mais simples e rápido de perguntar a opinião de outros usuários da rede.
E, desse modo, as notícias falsas ou não se disseminam com base em trocas de informações sem fundamentos sólidos.
As críticas, comentários, cliques e curtidas movimentam as redes sociais e influenciam a opinião pública. Então, como discernir o que é certo e errado nesse fluxo de informações tão diversificadas?
No mundo real, uma notícia falsa pode ser desmentida com um argumento confiável e de consenso. Mas no mundo virtual a noção de verdade é mais fluida. No entanto, como sugerem Hendricks e Hansens, as tempestades de informações, assim como os eventos climáticos não são fenômenos estáticos.
Nas redes sociais, onde as publicações discutem temas diferentes, sem opiniões categóricas ou ideologias, os usuários pesquisam a autenticidade das fontes antes de absorverem as informações. Essa visão mais crítica permite a discussão livre de ideias em comunidades virtuais que, hoje, fazem parte indissolúvel de nosso cotidiano. ​​É uma aposta que Hendricks e Hansens fazem em seu livro.