Que país é esse mesmo?
Da lama às páginas policiais. O foco nos últimos dias mudou. Mas como estávamos em recesso no judiciário, trataram de produzir algo “novo”.
O massacre em Manaus lembrou a todos que sempre tivemos esse problema, mas que era varrido para debaixo da terra. Se alguém sabia, não sabia, deixou de saber, a única coisa certa é a de que sempre se precisou rever o sistema carcerário e nunca se reviu. Eu arriscaria dizer que sempre precisamos de um sistema carcerário decente.
Por que decente? Bem, é aí que entra a grande questão de muitos. Ou de todos. E o que acaba fazendo voltar à tona a celebre frase: “Bandido bom, é bandido morto”. Ou produz também o comentário do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio do PMDB, que disse que deveria haver uma chacina dessas por semana.
Precisamos de um sistema carcerário, de um sistema prisional que faça realmente o seu papel de reintegração social do bandido. Mas o que acontece na verdade é que muitos deles entram café com leite e saem cappuccino. Entram água e saem vinho. A prisão virou doutorado no crime.
Precisamos antes de qualquer coisa de mais prisões. Mas não de prisões em que se joga o preso e esquece que ele está alí. Precisamos de prisões modelos, prisões isoladas e com um sistema diferente de funcionamento. Prisões onde o preso vai plantar sua própria comida, vai trabalhar, vai produzir.
A onda de violência que se agravou novamente pelo país e aqui no Rio de Janeiro é assustadora. A população não aguenta mais a inércia das autoridades. O que acaba produzindo cenas de justiça com as próprias mãos. E nessa hora entram as “senhorinhas dos direitos humanos”; que é outra discussão que acaba sendo produzida.
Direitos humanos! Os dos bandidos. Mas e os nossos? Perdemos o direito de ir e vir com tranquilidade. Andamos com medo. Mudamos nossas rotinas. Eu mesmo parei de trabalhar à noite e na madrugada. Puro medo. Rezamos ao sair de casa e agradecemos se chegamos.
Ambos deveriam ter na verdade o direito humano preservado. Sei que é uma questão polêmica, mas é uma questão.
Nosso país está de cabeça pra baixo. Tá todo errado. Em todas as áreas. Difícil de sentir que dá pra melhorar. Nada melhora. E agora parece que os assuntos estão ganhando alternância. Daqui a pouco vão disputar até troféu. De qual é o melhor ter em detrimento do outro. Fora que pelo que parece o governo não tem capacidade para lidar com todas essas questões ao mesmo tempo.
Mas isso até tem uma única explicação: Todas essas questões, econômicas, de Saúde, de Educação, carcerárias e outras mais que não vou nominar todas, passam pelo âmbito político, e, se este está do jeito que está não existe a menor possibilidade de luz no fim do túnel.
Enquanto a política não entrar nos eixos, dificilmente teremos paz pra enfrentar todos esses outros problemas.
Sinceramente diante desse quadro todo “Brasil sem futuro”, reforço a cada dia a vontade de abandonar o barco. De ir embora. De fugir. De ir para onde possa viver com mais dignidade, mais paz e mais esperança de ter qualidade de vida.
Muitos falam que abandonar o Rio de Janeiro já seria bom. Eu já não concordo. Em termos. Morar no Rio virou missão de guerreiro, mas só mudar do Rio pensando no coletivo não iria me adiantar de nada, pois qualquer que fosse o estado escolhido ou cidade, as outras questões me acompanhariam. Os políticos continuariam os mesmos. Os roubos os mesmos. Os escândalos os mesmos. Mudariam só o nome e o endereço.
Queria um “fresh start”, numa outra América. Não me importo com neve, com frio.
Alguém tem um puxadinho aí? Poderia levar meus livros também?
Salve as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambientes fechados.
Claudio Schamis
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