Escola da Assembleia debate novos caminhos da educação na Expoeduc

 


O diretor da Escola da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, José Bezerra Marinho, ministrou, nesta sexta-feira (25), uma palestra na programação da Expoeduc 2025, feira de educação e inovação que acontece em Natal. Com experiência na área acadêmica e de gestão educacional, Marinho propôs uma reflexão profunda sobre os desafios da formação docente diante das transformações provocadas pela revolução digital.

Ex-coordenador do curso de pós-graduação em Administração de Universidades da UFRN, ex-professor de Fundamentos Científicos da Comunicação e ex-diretor regional do Senai no RN, José Bezerra Marinho abordou a desconexão entre o atual sistema educacional e o perfil dos estudantes do século XXI.

“Os estudantes hoje têm um perfil que não é mais o que o nosso sistema educacional foi projetado. Ele foi feito para um estudante que já não existe mais”, afirmou. Segundo ele, apesar de avanços graduais ao longo dos anos, o processo foi acelerado de forma drástica com a chegada da era digital. “Nos últimos anos, a revolução digital fez com que aparecesse um perfil diferente, que não se parece com o anterior”, destacou.

De acordo com o diretor da Escola da Assembleia, a nossa sociedade está conectada digitalmente, mas é frágil do ponto de vista educacional.

“Nós estamos digitalizando as crianças antes mesmo de alfabetizá-las, e isso é uma tragédia. Criamos uma civilização em que tudo depende do digital: trabalho, engenharia, educação, transportes, entretenimento. Hoje tudo depende de Ciência e Tecnologia, mas pouca gente sabe algo sobre essas áreas. Ao contrário, celebra-se cada vez mais a ignorância e a rispidez. E o êxito da ignorância ensina que estudar e aprender é evitável e indesejável”, lamentou.

Marinho alertou ainda para a necessidade urgente de se repensar o papel dos educadores e da própria estrutura da formação docente. “O desafio é formar formadores para este novo tempo. E a decisão está nas mãos dos educadores: querem que o futuro seja apenas uma extensão do presente ou desejam algo diferente?”, provocou.

Ele defendeu o surgimento de um novo profissional, que vá além do papel tradicional do professor. “É preciso existir o educacionista, aquele que pensa o processo de formação como um todo, com uma nova percepção sobre o que é ensinar e aprender”, frisou.

Por fim, José Bezerra Marinho afirmou que as escolas precisam começar a ensinar as chamadas “habilidades socioemocionais” ou “soft skills”. 

“Os especialistas dizem que precisamos ensinar os 4 Cs: pensamento crítico; comunicação; cooperação; e criatividade. E enfatizam que essas habilidades servem para tudo na vida, para qualquer propósito”, acrescentou. 

Finalizando sua palestra, o diretor da Escola da Assembleia Legislativa citou o escritor francês Edgar Morin, destacando que “o que deve desenvolver-se é a pilotagem das máquinas, não a maquinização do piloto”.