Exposição sobre Dona Militana é aberta na Pinacoteca do Estado no Dia Internacional da Mulher

 


Em um simbolismo poético que une arte e representatividade feminina, a exposição "Dona Militana: tradução estética de narrativas da romanceira potiguar" foi aberta neste sábado (8), na Pinacoteca do Estado, durante as ações alusivas ao Dia Internacional da Mulher. A data escolhida para a abertura homenageia o centenário de nascimento de uma das mais importantes guardiãs da cultura popular do Rio Grande do Norte.

A exposição, com entrada gratuita para o público, permanecerá aberta até o dia 28 de março. A mostra é uma iniciativa da Editora da UFRN (EDUFRN) e nasce a partir do livro homônimo da pesquisadora Angela Almeida, publicado em 2024. A obra literária reúne romances cantados pela romanceira, acompanhados de representações artísticas que convidam à reflexão sobre memória, identidade e resistência cultural.

Ocupando três salas interligadas da Pinacoteca, a mostra retrata Dona Militana em seu cotidiano. Cada instalação combina elementos da cultura popular nordestina e africana, celebrando a força e a determinação dela em preservar a tradição oral. 

O visitante passeia pelos espaços "Raízes da Memória", que homenageia a forma de transmitir romances; "Reino de Oiteiros", que reinterpreta as origens; "Baluarte", uma torre simbólica de resistência cultural; e "Água", que relaciona a fluidez das narrativas com a transmissão cultural entre Brasil, Portugal e África.

Ao abrir a exposição, a governadora Fátima Bezerra ressaltou a importância da potiguar, reconhecida como a maior romanceira do Brasil. Dona Militana dedicou sua vida a interpretar e preservar romances medievais ibéricos, transmitidos oralmente por gerações.

 "O dia 8 de março é um dia de afeto, de reflexão e de inspiração. Um dia em que nós, mulheres, podemos nos espelhar em figuras como Dona Militana, que continua a nos inspirar com sua força, para que nunca desistamos de sonhar e de lutar por um mundo de paz, igualdade de direitos, cultura, educação e justiça social. Sorriam, pois ainda estamos aqui", declarou a governadora.

A curadoria da exposição foi assinada por Angela Almeida, Rafael Sordi Campos e Marcos Paulo Pereira. O trabalho propõe um diálogo entre os registros fotográficos e as instalações, criando uma experiência sensorial, delineando pela obra a trajetória da artista popular, que completa 100 anos em 2025.

"A exposição foi pensada para ser uma experiência imersiva, que convida cada um de nós a se conectar com a história e o legado desta figura tão importante da nossa cultura", destacou Angela Almeida.

 A abertura da mostra contou com a participação de familiares de Dona Militana — que faleceu em 9 de junho de 2010, aos 85 anos. Uma das suas filhas, Benedita Nascimento Nogueira, disse estar encantada com a homenagem: "Foi uma surpresa encontrar tanta beleza. Estou muito feliz ao ver que a história da minha mãe está sendo preservada e que, a partir de hoje, pode ser conhecida por muitas pessoas", agradeceu.