Guedes planeja pagar bônus a desempregado que participar de programa de capacitação


Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Para reduzir o número de desempregados no país, o governo prepara um programa para qualificar e treinar principalmente jovens que nem estudam nem trabalham, os chamados nem-nem.

Batizado de Bônus de Inclusão Produtiva (BIP), o mecanismo deverá pagar um valor estimado entre R$ 200 e R$ 300 para quem fizer um curso preparatório para o mercado de trabalho. A medida foi antecipada ao GLOBO pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que também não descarta a prorrogação do auxílio emergencial.

De acordo com o ministro, as empresas irão treinar os beneficiários do programa do BIP. Uma delas, segundo ele, seria a companhia de tecnologia Microsoft, que já doou cinco milhões de cursos.

— Da mesma forma que você dá R$ 200 para uma pessoa que está inabilitada para receber o Bolsa Família, por que não pode dar R$ 200 ou R$ 300 para um jovem nem-nem? Ele nem é estudante nem tem emprego. É um dos invisíveis. Por que eu não posso dar R$ 200 ou R$ 300? Estou pagando para uma empresa treiná-lo. Eu vou dar R$ 300 — explicou o ministro.

Segundo Guedes, não haverá contrapartida das empresas. O ministro não informou qual seria a fonte dos recursos. O aperto nas contas públicas foi uma das razões para que a nova rodada do auxílio emergencial este ano tivesse um valor menor e com menos benefíciários do que foi concedido em 2020.

Guedes lembrou que o governo já tem mais de 60 milhões de beneficiários que foram cadastrados no programa de auxílio emergencial durante a pandemia, incluindo trabalhadores informais.

— Então você é um jovem, de uma família pobre, sem recursos, e ao mesmo tempo não está estudando nem trabalhando. Então, toma aqui R$ 300. Agora, vai ter que bater ponto e ser treinado para ser servente de pedreiro, mecânico. É uma oportunidade — acrescentou.

“Primeiros passos”

O ministro da Economia defendeu que essas pessoas sejam ajudadas para tomar seus “primeiros passos” rumo ao mercado de trabalho.

— Ele (jovem) não consegue emprego com salário mínimo. Ele é a vítima da nossa legislação trabalhista. Vamos dar o dinheiro para você ser incluído produtivamente. Não é só a inclusão social como dependente do Estado. Queremos valorizar a dignidade do trabalho. Eles não eram reconhecidos em nada. Vamos começar com o BIP e depois evoluir para a Carteira Verde-Amarela — disse o ministro, que planeja concentrar os esforços de sua pasta na redução da taxa de desemprego no país.

A chamada Carteira Verde-Amarela é um plano antigo de Guedes por meio do qual pretende flexibilizar a legislação trabalhista. O ministro, porém, não explicou como o programa seria financiado.

Perguntado sobre a possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial, o ministro não descartou a medida e afirmou que já foram reservados recursos para a extensão do benefício, se for necessário.

— Isso pode acontecer (a prorrogação da nova rodada do auxílio). Tem recursos já separados para isso. O que a gente sabe é que quando ele acabar, ele tem que aterrissar no Bolsa Família mais robusto e permanente. Tem que ser bem financiado.

O Globo