Estados iniciam negociação paralela para adquirir vacina da Pfizer

 

Vacina da Pfizer - 31/10/2020 REUTERS/Dado Ruvic

Imagem: 31/10/2020 REUTERS/Dado Ruvic

O presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde, Carlos Eduardo Lula, afirmou na tarde de hoje que estados iniciaram negociação paralela para a aquisição da vacina da farmacêutica Pfizer. A declaração ocorreu durante entrevista ao programa “Ponto Final”, da rádio CBN.

“A gente tem cobrado do Ministério da Saúde, precisamos de uma data. E, neste caso, a gente não tem nem data para iniciar a imunização. Hoje, a gente iniciou uma negociação com a Pfizer, porque a gente não vai ficar só olhando para o alento. Isso é uma negociação paralela [independentemente do governo federal]”, disse.

“A Pfizer procurou os estados e o Conselho, e muitos estados demonstraram interesse. A gente sabe que o PNI (Plano Nacional de Imunização) é fundamental, queremos que o governo comande o processo, mas não podemos ficar de braços cruzados sem saber o que vai acontecer amanhã”, completou, em seguida.

Segundo o presidente do conselho, o custo da operação, neste caso, ficaria a cargo dos próprios estados.

“Não dá para a gente continuar na inércia, esperando o que vai acontecer, esperando o que o Ministério da Saúde avisar o que vai fazer, tem que fazer. Mais de 40 países, menores do que o Brasil, já começaram a vacinação. E o Brasil segue a ver navios”, criticou.

O UOL procurou a Pfizer para um posicionamento em relação à declaração do presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde, e aguarda retorno. A reportagem também tentou contato com o Ministério da Saúde.

A Pfizer apresentou ao governo federal uma proposta de comercialização da vacina contra covid-19 que permitiria a vacinação já no primeiro semestre de 2021 de milhões de pessoas no país.

Na ocasião, o Ministério da Saúde disse que deveria comprar o imunizante da farmacêutica dos EUA à medida que os ensaios clínicos apontassem “total eficácia e segurança” dos insumos e após o registro da Anvisa.

O governo Bolsonaro anunciou somente em dezembro a compra de 70 milhões de doses da vacina, depois de muito atraso, questionamentos e pressão de governadores.

“A companhia está trabalhando e entende a importância e a complexidade de logística por trás disto. A oferta da companhia é que a vacina é entregue nestas caixas nos pontos de vacinação, que tem que ser acordado e trabalhados com os governos. Essa é a parte que ainda teremos que trabalhar com o Ministério da Saúde e o governo do Brasil”, disse Carlos Murillo, presidente da Pfizer do Brasil, na ocasião.

RNA mensageiro

A vacina da Pfizer e BioNTech, chamada de BNT162, é feita com tecnologia de RNA mensageiro, que leva informações genéticas ao organismo para que ele produza uma proteína do vírus e ative o nosso sistema imunológico para gerar resposta de anticorpos contra o patógeno.

O estudo envolveu cerca de 43 mil voluntários. A análise de eficácia foi feita quando o número de infectados no grupo de participantes chegou a 170. Ao abrir o cegamento da pesquisa (ou seja, checar quantos dos infectados estavam no grupo vacinado e quantos no grupo placebo), os investigadores descobriram que 162 contaminações aconteceram entre os que não tomaram o imunizante, chegando, assim, à eficácia de 95%.

Embora moderna e fácil de ser produzida, as vacinas de RNA são sensíveis. Elas exigem refrigeração de -70ºC. A Pfizer e a BioNTech afirmam que, enquanto esperam a autorização para uso emergencial, já estão cuidando dos preparativos logísticos para distribuição do produto, entre eles uma caixa especial que utiliza gelo seco para manter o imunizante na temperatura adequada por até 15 dias.

Até o momento, o imunizante da Pfizer já foi aprovado em alguns países, como Reino Unido, Estados Unidos, México, Bahrein e Chile.

Resultados divulgados de testes fase 3 das principais vacinas em desenvolvimento no mundo:

Pfizer/BioNTech: teve eficácia de 95%;

AstraZeneca/Oxford: apresentou eficácia média de 70%, mas pode alcançar 90% com uma dose menor;

Instituto Gamaleya/Sputnik V: mostrou eficácia de 91,4%, mas mais de 95% após a aplicação da segunda dose;

Moderna: o laboratório norte-americano disse que a vacina tem 94,5% de eficácia;

Instituto Butantan/Sinovac: a pesquisa da CoronaVac chegou ao número mínimo de infectados, que atestam a eficácia do imunizante, mas o percentual ainda não foi divulgado.

UOL