Como prevenir lesões por esforço repetitivo, como a tendinite
Tendinite tornou-se a linguagem popular para dores nas articulações, seja no cotovelo, punho ou ombro – as lesões mais comuns.
No entanto, por baixo do manto da classificação, existe uma série de lesões que atingem diretamente os músculos e tendões: as LER/DORT – Lesões por Esforço Repetitivo e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho -, nas quais a tendinite se enquadra.
“A tendinite é a inflamação do tendão, uma estrutura fibrosa, como uma corda, que une o músculo ao osso. A inflamação se caracteriza pela presença de dor e inchaço e pode acontecer em qualquer parte do corpo, mas é mais comum no ombro, cotovelo, punho, joelho e tornozelo”, explica o doutor José Eduardo Martinez, coordenador da Comissão de Fibromialgia da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), em entrevista ao Opinião e Notícia.
As LER/DORT se tornaram uma preocupação comum no meio da saúde, tendo, inclusive, um Dia Internacional de Prevenção a esse tipo de lesão – celebrado no dia 28 de fevereiro. Como diz o nome, esses traumas são causados por ações repetitivas, como digitar em um teclado de computador, por exemplo.
Segundo o Dr. Matinez, algumas pessoas contam com predisposição genética e alterações constitucionais do colágeno para tendinite e outros tipos de lesões por esforço repetitivo. No entanto, o médico esclarece que qualquer pessoa pode ser afetada.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, constatados no estudo Saúde Brasil 2018, as LER/DORT atingiram 67.599 trabalhadores brasileiros entre 2007 e 2016. Em 2007, foram notificados 3.212 casos, enquanto, em 2016, foram contabilizados 9.122, um crescimento de 184%.
“Como o tendão não é tão forte quanto o osso, nem tão elástico quanto o músculo, em caso de sobrecarga, é a estrutura que mais sofre. As causas da tendinite costumam estar relacionadas, principalmente, a alguns fatores de risco, tais como: falta de alongamento muscular; falta de condicionamento físico em geral; postura inadequada; movimentos repetitivos, principalmente no uso de computadores, ‘tablets’ ou celulares; carregar peso excessivo; idade do paciente: com o passar dos anos a circulação sanguínea para o tendão fica deficiente; estresse, pois ocasiona contratura muscular e fadiga prejudicando os tendões; atividades esportivas em excesso ou com técnica/ material inadequados; doenças autoimunes”, explica o Dr. Martinez ao O&N.
Esse tipo de lesão atinge desde estudantes, até atletas ou trabalhadores, que sobrecarregam seus músculos e tendões com a demanda profissional. Em trabalhadores, segundo o Ministério da Saúde, as lesões mais comuns são as tendinites de punho e ombro, a epicondilite de cotovelo, popularmente conhecida como “cotovelo de tenista”, e a bursite na região do quadril – a bursite é uma inflamação da “bursa”, um tipo de bolsa localizada entre ossos e outras estruturas, como músculos e tendões.
As LER/DORT atingem diretamente a produtividade dos trabalhadores, elevando, inclusive, o estresse devido ao prejuízo do desempenho laboral. Segundo o Ministério da Saúde, esse tipo de lesão é a principal causa do afastamento de empregados do local de trabalho.
No entanto, o termo LER/DORT, apesar de popular, também é combatido no meio da Saúde. Isso porque a padronização das possíveis dores como LER exclui a unicidade de cada síndrome ou inflamação, dificultando o tratamento correto.
“Recomenda-se que doenças antes agrupadas em uma única sigla LER/DORT sejam melhor identificadas, analisadas e tratadas, o que inclui como exemplos as tendinites, a síndrome do túnel do carpo, as síndromes miofasciais, a fibromialgia, as cervicalgias, cervicobraquialgias, lombalgias, lombociatalgias e quaisquer outras que antes eram agrupadas sob aquela sigla”, explica uma cartilha da SBR sobre as lesões.
Como se prevenir
De acordo com a cartilha do SBR, existem diferentes formas de se prevenir das lesões nos tendões, que vão desde o bom ambiente de trabalho e o respeito à jornada, até um estilo de vida saudável, boa qualidade do sono, condicionamento físico e a manutenção da saúde geral.
“As principais medidas capazes de prevenir tendinite consistem em evitar movimentos repetitivos e procurar fazer alongamentos sempre antes e depois de exercícios físicos. Deve enfatizar a melhora do condicionamento físico através de exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular”, destacou Martinez.
Em caso de dor constante nas articulações, o ideal é buscar a opinião de um profissional de saúde, que poderá avaliar a situação, determinar o tipo de lesão e prescrever o melhor tipo de tratamento, seja ele através de medicamentos, fisioterapia, infiltração, reabilitação ou, até mesmo, a adoção de hábitos mais saudáveis.
“O tratamento é dividido em medidas para aliviar a dor, medidas para evitar que a dor volte e tratamento medicamentoso. Mas somente o profissional médico pode indicar a intervenção mais adequada para cada caso. Porém, vale lembrar que devemos prestar atenção em nossa postura, na forma que trabalhamos; sempre alongar os músculos envolvidos, cuidar do fortalecimento muscular. Enfim, adotar hábitos saudáveis”, explicou o médico.
Por fim, de acordo com a cartilha da Sociedade Brasileira de Reumatologia, apenas nos casos mais graves das lesões os procedimentos cirúrgicos e reabilitações específicas são necessários