Mulheres que sofrem com cólica têm a produtividade afetada

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Uma pesquisa feita com 156 mulheres em idade reprodutiva, todas funcionárias de um call center do Rio de Janeiro, mostrou que 65% delas sofrem com cólicas menstruais e chegam a ter a produtividade no trabalho afetada por causa das dores. Embora o universo pesquisado seja pequeno, os resultados são semelhantes aos apontados por estudos internacionais, nos quais as cólicas são relatadas por parcela variando entre 70% e 90% das mulheres.
O estudo carioca mostrou que, para 64,4% das mulheres, as dores das cólicas são consideradas intensas. Cerca 30% delas chegam a se ausentar do trabalho por pequenos períodos durante o dia, em até dois dias por mês.
Além das cólicas, as mulheres pesquisadas relataram a ocorrência de outros sintomas, como cansaço maior que o habitual (59,8%), inchaço nas pernas e enjôos (51%), cefaléia (46,1%), diarréia (25,5%), dores em outras regiões (16,7%) e vômito (14,7%). Para aliviar o mal-estar, 83% delas declararam tomar algum medicamento.
Embora sejam mais freqüentes na adolescência, as cólicas podem afetar mulheres de todas as idades. Na maioria dos casos, não representam grandes riscos à saúde, mas se aparecem de forma repentina podem indicar a ocorrência de outras doenças, como endometriose ou miomas. De acordo com a médica ginecologista Marta Rehme, o problema geralmente tem início entre um e três anos após a primeira menstruação. “As dores estão ligadas à liberação de substâncias inflamatórias durante o sangramento, são as chamadas prostaglandinas, que são liberadas no momento em que as células endometriais começam a se descamar. É muito importante que as adolescentes procurem auxílio médico para que sejam descartadas outras possíveis causas da cólica”, alerta.
Nos casos em que é confirmada a dismenorréia primária (sem nenhuma doença), é possível tratar apenas com antiiflamatórios. “Estes medicamentos agem inibindo a produção de prostaglandinas. Como segunda escolha, pode ser indicado o uso dos contraceptivos hormonais (pílulas) que agem inibindo a ovulação e diminuindo o endométrio”, esclarece.
Conforme o ginecologista Fernando César Oliveira Júnior, professor da Universidade Federal do Paraná, a prática de exercícios físicos pode contribuir no combate à dor, já que as endorfinas liberadas na atividade física atuam como analgésicos orgânicos. Se mesmo com todos esses recursos as dores não melhoram, os especialistas aconselham que seja feita uma investigação, principalmente se a paciente já saiu da fase da adolescência.
A estudante Lídia Bezerra, 22 anos, estagiária de Design Gráfico, convive com as cólicas desde a adolescência. No colégio, todos os meses perdia um ou dois dias de aula por causa das dores. Ainda hoje há ocasiões em que ela precisa faltar no trabalho. “Sempre me afetou de forma negativa. Na escola me apavorava porque às vezes coincidia com a semana de provas. Fico totalmente improdutiva com as dores. Hoje ainda acontece de eu faltar no trabalho ou na faculdade por causa das dores”, conta. Acostumada com os sintomas, Lídia já toma o remédio antes mesmo que as dores apareçam. Para diminuir o incômodo, ela recorre também à bolsa de água quente e ao repouso.
Fonte: Gazeta do Povo