Condenados a ser cobaias
Foto e legenda:www.sosfauna.braslink.com
Macacos em laboratório da indústria farmacêutica. Entre os fabricantes de cosméticos, os coelhos são as cobaias preferidas: testes em animais causam dor, cegueira e morte. Mas são eles que dão segurança para o uso dos produtos em seres humanos

A lei que permite e regulariza a utilização de animais em experimentos científicos foi sancionada, na semana passada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após passar 13 anos em tramitação no Congresso Nacional. Chamada Lei Arouca, ela pretende regulamentar o uso de animais para pesquisa e estabelecer critérios éticos para a prática. A fim de fiscalizar, a nova regra prevê a criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), além de comissões de ética dentro de cada centro onde os animais são usados. Até então, os parâmetros ficavam sob a responsabilidade de cada cientista.
Para as organizações protetoras de animais, a lei representa uma afronta e um retrocesso. “A lei é antiquada. Não há necessidade de se fazer testes em animais, uma vez que hoje existem inúmeras outras formas, seja em réplicas de bichos de PVC ou pelo computador. Quando falam de animais em teste logo se pensa só em rato, mas não. Cortam cérebro de macaco, cegam coelhos, furam cães e gatos, que depois ficam machucados em gaiolas. Uma crueldade”, argumenta Izabel Cristina Nascimento, presidente da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa).
Já os cientistas comemoraram a aprovação do texto. “Não há outra forma de testar medicamentos e técnicas, e os benefícios da utilização de animais são inegáveis para a ciência, para a medicina e para o ser humano. Além disso, nenhum cientista quer praticar crueldade, e nós seremos mais fiscalizados”, argumenta a cientista Helena Nader, membro da Academia Brasileira de Ciências e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
As normas prevêem a obrigação do uso de anestésicos ou analgésicos durante os procedimentos ou o sacrifício dos animais caso haja intenso sofrimento. Ainda há as punições, caso as instituições descumpram as regras, que vão de advertência até multa de R$ 20 mil e interdição definitiva do centro de pesquisa. (A.M.)
Fonte Folha Universal