Viagens longas, calor e pouco movimento: por que o verão exige mais atenção com a circulação
O verão é um dos períodos do ano que mais concentram deslocamentos longos, seja por estrada ou avião. Ao mesmo tempo, as férias costumam trazer redução da atividade física e maior exposição ao calor, combinação que pode impactar diretamente a circulação sanguínea.
Estudos médicos indicam que permanecer imóvel por mais de quatro horas já é considerado um fator de risco para alterações no fluxo venoso dos membros inferiores. Quando esse cenário se associa à desidratação e às altas temperaturas, o organismo encontra condições favoráveis para o surgimento de problemas circulatórios.
“Durante o verão, é muito comum que as pessoas passem horas sentadas em viagens, bebam menos água e se movimentem menos do que o habitual. Tudo isso interfere no retorno venoso e aumenta o risco de complicações”, explica a angiologista e cirurgiã vascular Dra. Ilana Barros.
Dados oficiais reforçam a relevância do alerta. Registros do Ministério da Saúde indicam que, em 2023, foram contabilizados mais de 70 mil casos de trombose no Brasil, número que ultrapassou 75 mil em 2024. Já nos primeiros seis meses de 2025, o país somou mais de 36 mil novos diagnósticos, uma média próxima de 200 casos por dia, mostrando que a incidência permanece elevada, especialmente em períodos de maior mobilidade, como o verão.
Embora o termo “trombose do viajante” seja conhecido, o risco não está restrito a voos internacionais. Viagens longas de carro ou ônibus, principalmente quando feitas sem pausas regulares, também favorecem a estase venosa, condição que dificulta o retorno do sangue ao coração.
“Muitas pessoas acreditam que esse risco só existe em viagens aéreas longas, mas trajetos extensos de carro ou ônibus, sem paradas para movimentação, também merecem atenção”, destaca a Dra. Ilana Barros.
Segundo a especialista, a prevenção passa por atitudes simples e eficazes. Movimentar pés e pernas durante o trajeto, levantar-se sempre que possível, realizar pequenas caminhadas, manter boa hidratação e evitar roupas apertadas ajudam a reduzir significativamente os riscos.
“São cuidados aparentemente simples, mas que fazem muita diferença. O corpo precisa de movimento para manter a circulação adequada, especialmente em dias quentes”, reforça a angiologista.
Pessoas com histórico familiar de trombose, presença de varizes calibrosas, obesidade, uso de hormônios ou que já enfrentaram longos períodos de sedentarismo devem ter atenção redobrada. Nesses casos, a avaliação médica antes de viagens prolongadas pode orientar medidas preventivas individualizadas.
As diretrizes da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular apontam que a trombose venosa profunda é uma condição potencialmente grave, mas amplamente evitável quando há informação, orientação adequada e identificação precoce dos fatores de risco.
Além das viagens, o sedentarismo temporário comum durante as férias também merece atenção. Longos períodos sentados em casa, associados ao calor e à redução da atividade física, podem agravar sintomas como inchaço, dor e sensação de peso nas pernas.
“O verão deve ser um período de descanso e não de risco. Com informação, prevenção e atenção aos sinais do corpo, é possível aproveitar as férias com mais segurança e cuidar da saúde vascular”, conclui a Dra. Ilana Barros.
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