Senadora Zenaide Maia entra em campanha internacional contra violência à mulher e convoca homens a participar
Promovida em mais de 150 países, a campanha internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres ganhou o reforço da senadora Zenaide Maia (PSD-RN) no Parlamento brasileiro. Defensora dos direitos das mulheres e tendo liderado a Procuradoria Especial da Mulher no Senado (2023-2025), a parlamentar subiu à tribuna do plenário, nesta quarta-feira (12), para manifestar novamente sua adesão à mobilização, desta vez convocando também os homens à tarefa de conscientização e de parceria no combate aos crimes contra a vida, a saúde e a dignidade da população feminina, que é maioria no país.
“Em 2023, o país em que nós vivemos registrou, em média, um feminicídio a cada seis horas. Foram 1.463 mulheres assassinadas, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Estes dados são um alerta gritante: toda vida importa, e cada minuto de atraso pode ser tarde demais para salvar uma brasileira do assassinato”, frisou Zenaide.
Chamada no Brasil de 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, a campanha anual teve sucessivos endossos institucionais da senadora ao longo do mandato. No período, o Congresso Nacional lidera uma mobilização que envolve sociedade civil e poder público, com seminários, audiências e eventos focados na proteção de mulheres e meninas, especialmente daquelas em situação de vulnerabilidade, e no combate às desigualdades étnico-raciais.
“Este mês de novembro marca ao calendário anual dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher. A campanha tem início em 20 de novembro – feriado nacional da Consciência Negra – e vai até 10 de dezembro. É preciso contextualizar a importância desta luta, chamando também os homens para nos dar as mãos. Combater a violência e desigualdade é uma tarefa coletiva, e sem isso não podemos transformar essa triste realidade que vivemos”, destacou a parlamentar.
Além de eliminar as condutas violentas contra as mulheres de suas rotinas – não apenas à violência física, mas também à moral, psicológica, no ambiente do trabalho e em diversas situações sociais -, Zenaide salientou caber aos homens apoiar a evolução da sociedade, assumindo seu papel na criação de suas respectivas famílias, bem como na formação das novas gerações, construindo coletivamente uma cultura solidária e de paz – e sem violência de qualquer natureza.
“Como médica que atendeu mulheres gravemente feridas pelo companheiro quanto atuava em pronto-socorro de hospital público, repito: o lugar da mulher é onde ela quiser estar. A construção de uma sociedade livre da violência e do preconceito é uma tarefa de todos nós. Essa militância é coletiva, inegociável e civilizatória”, enfatizou a senadora.
Confira trechos do chamamento nacional feito por Zenaide no Senado:
“Meus cumprimentos às senhoras senadoras, aos senhores senadores e a todas e todos que nos acompanham pelos veículos de comunicação neste Congresso Nacional!
O Atlas da Violência 2025 revelou que, entre 2022 e 2023, o número de homicídios femininos no Brasil teve crescimento de 2,5%, contrariando a tendência de redução dos homicídios em geral observada desde 2018. A média nacional chegou a 10 mulheres mortas por dia no país.
Os dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde, apontam ainda um aumento na violência não letal. Em 2023, foram registrados 177.086 atendimentos a mulheres vítimas de violência doméstica, alta de 22,7% em relação ao ano anterior. Desse total, uma em cada quatro vítimas tinha entre 0 e 14 anos. Isso é grave!
A cada 17 horas, uma mulher morreu em razão do gênero em 2024 em nove estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Os dados apontaram um total de 531 vítimas de feminicídios no ano passado. Em 75,3% dos casos, os crimes foram cometidos por pessoas próximas. Se considerados somente parceiros e ex-parceiros, o índice é de 70%.
Felizmente, minha gente, nós estamos aqui – neste e em outros espaços de poder no Brasil – para defender a vida da população feminina e provar que lugar de mulher é onde ela quiser estar.
Como dizem por aí os jovens, O PAPO É RETO, e eu falo mesmo, sem nunca me cansar: temos que colocar a saúde, a educação e a segurança da mulher nos orçamentos públicos federal, estaduais e municipais! Sem orçamento para dar emprego, moradia, oportunidades e formação para as mulheres, mais perto delas fica o agressor.
Sem tirarmos do papel e executarmos com união política esse dever do poder público de investir em políticas públicas também preventivas, as várias formas de violência contra a mulher e o crime de feminicídio vão continuar envergonhando este país.
Sabemos que a Lei Maria da Penha é um marco mundial de proteção à mulher sobretudo com aspectos positivos. E precisamos avançar na conscientização, na formação das novas gerações, na educação preventiva e na eliminação da cultura do machismo e da misoginia. Defendo, inclusive, que a Lei Maria da Penha seja ensinada nas escolas.
É necessário o poder público fazer campanhas informativas contínuas para explicar à sociedade que o feminicídio é o assassinato de uma mulher motivado ou possibilitado pelo simples fato de a vítima ser uma mulher. Em relação ao perfil étnico racial e de renda, sabemos que há uma prevalência de mulheres negras e pobres entre as vítimas.
Em um país como o Brasil, em que a desigualdade racial se combina e acentua a desigualdade de gênero, é fundamental que ambas as lutas caminhem juntas e que o Congresso Nacional defenda a vida de todas as brasileiras, crianças, adolescentes, jovens, adultas, idosas! Hoje, agora, a todo momento, antes que seja tarde!
Nós estamos oficialmente dentro do período dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Eu digo “oficialmente” porque desde o início do mês nós já costumamos fazer atividades relativas a todas as temáticas envolvidas neste período.
Esses 21 dias são uma “customização” nossa, uma adaptação bem-vinda, da campanha dos 16 Dias pelo Fim da Violência contra a Mulher, que é comemorada em cerca de 150 países.
Nós a aumentamos para incluir a da do Dia da Consciência Negra, tão crucial para um país de maioria negra, seja entre os homens seja entre as mulheres. E as mulheres, vale lembrar, são mais da metade da população brasileira!
A campanha internacional começa no dia 25 de Novembro, que é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e vai até o dia 10 de Dezembro.
Entre uma data e outra, há:
. dia 29 de novembro, Dia Internacional dos Defensores dos Direitos da Mulher;
. dia 1º de Dia Mundial de Combate à Aids;
. dia 3 de dezembro, Dia Internacional das pessoas com Deficiência;
. e, dia 6 de dezembro, atenção, minha gente, que é preciso destacar: o Dia dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres – a famosa Campanha do Laço Branco.
Por fim, a Lei 11.489/2007 instituiu esta data como Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Sabemos que não avançaremos com apartheid entre mulheres e homens.
Nossa campanha vai até o dia 10 de dezembro. Essas datas valorizam temáticas importantes para a luta feminina, especialmente porque sabemos que são as mulheres, em grande maioria, que se encontram na linha de frente dos cuidados familiares, que criam filhos muitas vezes sozinhas.
Temos que respeitar as pessoas independentemente de seu gênero. Nada nos diferencia em humanidade. Estamos revertendo séculos de machismo e a misoginia, estamos combatendo um preconceito arcaico de que, por nascer homem ou por nascer mulher, isso nos faz ter um valor social diferente, de “nascença”, que faz do homem o “ocupante natural” dos espaços melhores.
Eu digo aqui: ou investimos na educação de todos, ou reduzimos a desigualdade social – o que depende de uma educação pública de qualidade, em tempo integral, para todos -, ou nós não vamos diminuir a violência contra a mulher, em sua grande maioria.
Isso é triste, porque, além da violência da rua – que os homens sofrem também, nós temos a violência entre as quatro paredes, a violência silenciosa.
Muito obrigada.”

