Uso prolongado de omeprazol pode elevar risco de demência, diz estudo
Medicamentos amplamente usados para tratar azia, gastrite e refluxo estão sendo reavaliados pela comunidade científica após um novo estudo apontar uma ligação com o aumento do risco de demência.
A pesquisa, conduzida pela Universidade de Minnesota e publicada na revista Neurology, analisou o uso contínuo dos inibidores de bomba de prótons (IBPs), grupo que inclui o omeprazol, pantoprazol e esomeprazol, e encontrou um dado preocupante: o uso prolongado pode elevar em até 33% o risco de desenvolver demência.
Os IBPs são uma das classes de medicamentos mais consumidas no Brasil. Eles atuam reduzindo a produção de ácido no estômago, aliviando sintomas como queimação, azia e desconforto abdominal. Por isso, são frequentemente usados para tratar:
Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE);
Gastrite e úlceras;
Prevenção de lesões gástricas causadas por outros medicamentos.
Apesar de sua eficácia, especialistas vêm alertando para os efeitos adversos do uso prolongado, que podem incluir deficiência de vitaminas, alterações renais e, agora, possíveis impactos neurológicos.
O que a pesquisa descobriu sobre o risco cerebral
O estudo acompanhou mais de 5,7 mil voluntários por cerca de quatro anos e meio. Os resultados mostraram que pacientes que utilizaram IBPs de forma contínua durante todo o período tiveram 33% mais probabilidade de desenvolver sintomas de demência em comparação com aqueles que não usaram.
Por outro lado, o uso de curto prazo não apresentou o mesmo risco, indicando que a duração do tratamento é um fator crucial.
Pesquisadores destacam que ainda são necessárias mais investigações para confirmar as causas exatas dessa associação, mas uma das hipóteses é que o uso prolongado possa interferir na absorção de nutrientes essenciais ao cérebro, como a vitamina B12.
Como usar esses medicamentos com segurança
Apesar do alerta, os especialistas reforçam que não se deve interromper o uso por conta própria. O ideal é conversar com o médico sobre alternativas e estratégias para reduzir a dependência desses fármacos.
Algumas medidas que podem ajudar incluem:
Rever a dieta, evitando alimentos gordurosos e muito condimentados;
Manter horários regulares de alimentação;
Evitar deitar logo após comer;
Usar antiácidos ou terapias naturais sob orientação médica.
Essas mudanças simples podem reduzir a necessidade de uso contínuo e ajudar a proteger tanto o sistema digestivo quanto o cérebro.
Um alerta para o uso racional de medicamentos
O estudo reforça a importância do uso racional de medicamentos, mesmo aqueles considerados seguros ou de venda livre. A automedicação e o uso prolongado, sem acompanhamento, podem trazer efeitos silenciosos a longo prazo.
Enquanto novas pesquisas buscam esclarecer a relação entre os IBPs e o risco de demência, a recomendação é clara: sempre siga orientação médica e priorize hábitos de vida saudáveis para preservar a saúde do corpo e da mente.

