Temporada de reprodução de escorpiões acende alerta para risco de ataques no RN
O Rio Grande do Norte registrou 2.564 casos de acidentes com escorpiões entre janeiro e o início de julho deste ano, segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). Em Natal, 853 pessoas buscaram atendimento médico após serem picadas, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Segundo o biólogo Lucas Gabriel, o aumento nas ocorrências está ligado ao período reprodutivo desses animais, quando há maior risco de ataques.
“O período reprodutivo ocorre entre agosto e o início de outubro, quando os escorpiões buscam parceiros para acasalamento e alimento”, explicou. O biólogo destacou que a combinação de chuvas, umidade elevada, urbanização desordenada e infestação de baratas favorece a presença dos animais. “Esse tipo de clima estimula a proliferação de insetos e, com mais alimento disponível, os escorpiões aumentam sua movimentação”.
A presença de baratas nas áreas urbanas é um fator determinante. “Elas são a principal fonte de alimento dos escorpiões. Por isso, manter limpas as caixas de gordura e áreas de serviço, além de controlar pragas, é essencial”, alertou.
O crescimento urbano desordenado também favorece a invasão dos escorpiões nas residências. “A expansão sem planejamento e o saneamento precário criam condições ideais para esses animais, com abrigo e alimento em esgotos, entulhos e mato próximo às casas”, explicou Lucas.
No Rio Grande do Norte, a espécie mais comum é o escorpião-amarelo-do-nordeste (Tityus stigmurus), conhecido pela alta toxicidade. Dentro de casa, eles buscam locais escuros, úmidos e com acesso fácil a alimento.
Nas áreas externas, o cuidado deve ser redobrado com “pilhas de tijolos, telhas, pedras ou madeira, entulhos, folhas secas, lixo acumulado e jardins com excesso de folhagem. Também é preciso manter o quintal sempre limpo e eliminar entulhos, especialmente em terrenos baldios próximos às residências”.
Lucas reforçou que a limpeza constante é fundamental para evitar o aparecimento dos animais. “Residências próximas a áreas de mata ou com presença de baratas devem manter a limpeza frequente. Aspire e limpe os tapetes diariamente, e procure manter os ambientes internos sempre organizados, limpos e bem iluminados”, disse.
O biólogo Lucas Gabriel alertou que os grupos mais vulneráveis às picadas por animais peçonhentos como o escorpião são as crianças, os idosos e os animais domésticos. “Com o corpo menor, o veneno se distribui mais rápido, causando efeitos mais graves. Além disso, eles podem não reconhecer ou comunicar o acidente”, ressaltou.
Entre os cuidados recomendados, estão ensinar as crianças a reconhecerem e não tocar em escorpiões; manter berços e camas afastadas das paredes; usar telas em ralos e janelas. Para quem possui pets, é preciso evitar que estes circulem à noite por quintais, terrenos baldios ou áreas com entulho; manter ração e água em recipientes limpos e elevados para não atrair insetos; e controlar pragas como baratas.
Em caso de picada, a orientação da Sesap e da SMS Natal é clara: procurar atendimento médico imediatamente. A recomendação é ir ao posto mais próximo e, se possível, levar o animal morto ou fotografado para identificação da espécie. A picada causa dor intensa, podendo evoluir para sudorese, náusea, vômitos e, em casos graves, parada respiratória. Crianças e idosos estão mais propensos a complicações severas.
Agora RN