Lula diz que ‘Deus deixou sertão sem água por saber que eu ia ser presidente’ e recebe críticas

 


A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o petista nesta quinta-feira (29), após declaração de que Deus permitiu que houvesse seca no sertão porque sabia que Lula chegaria à presidência (leia a frase na íntegra abaixo). Pelas redes sociais, parlamentares e ex-integrantes do governo de Jair Bolsonaro (PL) condenaram a fala do presidente, em agenda no interior da Paraíba nessa quarta (28). “‘Invoca o nome de Deus em vão”, “comentário surreal” e “surto” foram algumas críticas feitas ao petista.

O senador Sergio Moro (União-PR), que foi ministro da Justiça de Bolsonaro, afirmou que Lula tem “mania de grandeza”. “Lula, que já disse ser uma ideia, agora invoca o nome de Deus em vão, sugerindo que a seca foi imposta ao interior do Nordeste para que ele pudesse levar água à região. Mania de grandeza que não converge com as roubalheiras e os fracassos nos seus sucessivos governos”, escreveu.

Moro, ex-juiz em Curitiba (PR), foi responsável pela condenação de Lula na operação Lava Jato em julho de 2017. As acusações contra o petista foram anuladas em 2021 pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A Corte entendeu que Moro agiu com parcialidade.

A declaração do petista foi feita em evento ligado à transposição do rio São Francisco. Nessa quarta, Lula entregou o primeiro trecho do Ramal do Apodi, perto de Cachoeira dos Índios, no sertão paraibano. A agenda integrou o projeto Caminho das Águas, caravana do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.

Desde o último domingo (25), a iniciativa percorre o sertão nordestino, por meio da trilha da transposição do São Francisco, e passa também por Pernambuco, onde Lula esteve mais cedo na quarta, Rio Grande do Norte e Ceará.

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Pode-PR) afirmou que “Lula transforma o sofrimento do povo em palanque e propaganda pessoal, com seu populismo barato e desrespeitoso.” “Lula fala o nome de Deus em vão em comentário surreal sobre o Nordeste”, criticou.

Dallagnol teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral em maio de 2023. Ele, que foi chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, foi o deputado mais votado do Paraná em 2022, com 344 mil votos.

Por unanimidade, a Justiça entendeu que Dallagnol não poderia ter concorrido logo após deixar o MPF (Ministério Público Federal) e durante a tramitação de processos administrativos disciplinares contra ele no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).

Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) compartilhou que a fala de Lula foi “surto messiânico, megalomania e psicopatia. Grave”. Marinho foi ministro do Desenvolvimento Regional no governo Bolsonaro.

O senador Marcos Pontes, que foi titular de Ciência e Tecnologia na gestão passada, afirmou estar “ofendido, como cristão”. “Como Lula teve a coragem de dizer que Deus provocou tanta dor só para favorecer uma eleição? Isso é zombar da fé do povo sofrido que clama por água e dignidade. É usar o nome d’Ele em vão. Isso não é fé, é manipulação. É blasfêmia política”, criticou.