Após casos de intoxicação, técnico diz que natalenses devem evitar apenas duas espécies de peixe; restante está liberado
O setor de Vigilância em Saúde da Prefeitura do Natal emitiu uma nota técnica nesta quinta-feira 15 em que faz recomendações à população após o registro de casos suspeitos de ciguatera, uma intoxicação alimentar provocada por toxinas presentes em peixes.
O chefe do setor, José Antônio de Moura, diz que a população não deve parar de consumir peixes em geral. A recomendação é evitar apenas duas espécies: Arabaiana e Dourado.
“Reforçamos que não é motivo para ter pânico ou suspender a ingestão de pescados. Um dos cuidados que a população pode tomar, é solicitar aos fornecedores quais pescados estão sendo ofertados e evitar o consumo dos pescados sob suspeita. Se apresentar alguns sinais ou sintomas, procure um serviço de saúde o mais breve possível”, orienta José Antônio.
A Vigilância em Saúde diz que a população deve consumir preferencialmente peixes de águas profundas, além de comprar pescados apenas em locais de boa procedência, com ambientes que tenham boas práticas e que estejam devidamente licenciados.
Quais são os sintomas
De acordo com a Vigilância em Saúde, os sintomas geralmente se desenvolvem de 3 a 5 horas após a ingestão de peixe contaminado.
Veja quais são:
Neurológicos: dormência nos membros inferiores e superiores, parestesia, fraqueza, dor nos dentes, gosto de queimação ou metálico na boca, memória prejudicada, fadiga crônica, coceira generalizada, suor, visão turva e inversão de temperatura;
Cardiovasculares: bradicardia (quando o coração começa a bater devagar), bloqueio cardíaco ou hipotensão (pressão baixa);
Gastrointestinais: diarreia, vômito e dor abdominal.
“Em função dos sintomas apresentados, podemos inferir um quadro que a literatura reporta como ciguatera, uma toxina presente na alimentação de peixes, principalmente nos encontrados em arrecifes”, disse José Antônio de Moura, Diretor do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS).
O que fazer em casos de sintomas
Em caso de suspeita de caso de intoxicação por Ciguatera, a população pode entrar em contato com o Cievs, pelo WhatsApp (84) 3232-9435, e-mail urrnatal@gmail.com, ou por meio do aplicativo Natal Digital.
Casos notificados
No ano de 2025, foram identificados dois surtos sugestivos de intoxicação por Ciguatera na cidade. Atualmente, as autoridades investigam um novo caso, originado em um restaurante da capital entre os dias 5 e 6 de maio. Treze pessoas que estiveram no local apresentaram sintomas que indicam intoxicação por Ciguatera, sendo que três delas necessitaram de hospitalização.
Diante dos casos, a equipe de Vigilância realizou a fiscalização de toda a cadeia produtiva do pescado envolvido, desde o local de preparo até o ponto de compra. Amostras dos alimentos foram coletadas e encaminhadas para análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Lacen).
O Cievs Natal estabeleceu contato com todas as pessoas que compartilharam o consumo dos pescados do tipo Arabaiana e Peixe Dourado relacionados ao evento. José Antônio tranquilizou a população, afirmando que “todas as pessoas estão bem e continuam sendo monitoradas pelo Departamento de Vigilância”.
O que é Ciguatera?
A Ciguatera é uma intoxicação alimentar causada pela ingestão de peixes contaminados por toxinas como a Ciguatoxina e a Maitotoxina. Essas toxinas são produzidas por microalgas dinoflageladas do gênero Gambierdiscus, que se proliferam em recifes de corais de áreas tropicais e subtropicais. Peixes como garoupas, barracudas, moreias e badejos são frequentemente associados a essa intoxicação.
É importante ressaltar que as ciguatoxinas não possuem cor, sabor ou cheiro e não são eliminadas por métodos convencionais de cocção ou congelamento. Portanto, se o peixe estiver contaminado, o resfriamento, o cozimento e até mesmo a digestão não são capazes de neutralizar as toxinas.