58 milhões de vacinas da Covid vencem no estoque federal; perda nos municípios é maior
Desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 em 2021, o Ministério da Saúde do Brasil perdeu ao menos 58 milhões de vacinas em seu estoque, totalizando um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões. Essas doses não foram distribuídas aos estados e municípios, e o ministério não divulga publicamente o número de vacinas perdidas fora de seu estoque. A troca de 4,2 milhões de doses da Moderna ajudou a mitigar parte do prejuízo.
As divergências entre os dados do ministério e das secretarias de saúde locais dificultam a precisão sobre as vacinas perdidas. Por exemplo, o governo de São Paulo afirma ter aplicado 144 milhões de vacinas, enquanto o ministério contabiliza apenas 131 milhões. Além disso, o ministério alega ter enviado cerca de 700 milhões de vacinas ao SUS, mas esse número não é atualizado há mais de um ano. O governo anterior, de Jair Bolsonaro, foi responsável pela compra de mais de 70% das vacinas que venceram.
O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou obstáculos para quantificar as vacinas perdidas, estimando que 54,2 milhões estavam vencidas em setembro de 2022, com um valor aproximado de R$ 2,1 bilhões. O TCU também apontou a possibilidade de perda de outras 128 milhões de doses com validade curta. Em resposta, o ministério foi instruído a realizar uma busca mais detalhada sobre as vacinas perdidas.
Os desafios na gestão das vacinas incluem a necessidade de armazenamento em ultrafreezers, que muitos municípios não possuem. Isso resulta em vacinas sendo armazenadas em centrais estaduais e distribuídas sob demanda, mas com a validade reduzida após descongelamento. O ministério destaca que a perda de vacinas está relacionada a fatores como a adesão da população e a resistência à vacinação, além de mudanças rápidas nas vacinas disponíveis.