Trecho próximo ao Morro do Careca está impróprio

 

Foto: Magnus Nascimento

Apesar de estar impróprio para banho, o trecho da praia de Ponta Negra que fica mais próximo do Morro do Careca continua sendo usado por banhistas. A poluição da área tornou a praia imprópria há cerca de 4 semanas. Nem mesmo a placa posicionada no local é suficiente para impedir os banhistas de acessarem o mar. O problema, segundo as autoridades, é causado pelas ligações clandestinas, que levam esgoto até a água.

Enquanto trabalha como professor de surf na praia, Gustavo está ciente da frequente má qualidade da água, especialmente após fortes chuvas na cidade, o que chega a afastar alguns de seus alunos das aulas. Um desses casos é o de Álvaro Andrade, aluno da escola de surf, que optou por temporariamente evitar a praia devido ao medo de contrair doenças causadas pela má qualidade da água. Ele compartilha: “Não tinha conhecimento dos avisos, e percebo que não estou sozinho, já que não ouço ninguém mencionar. Agora, prefiro dar um tempo nas aulas, pois tenho receio de adoecer e precisar me afastar do trabalho”

Apesar das placas indicando a condição atual da água, os frequentadores e comerciantes da praia não estão cientes do risco que ela representa para a saúde. Lucas Almeida, que trabalha na praia diariamente, admite não ter conhecimento das notificações feitas pelo Idema. Ele comenta: “Notei uma redução no número de clientes, mas não sabia que era por isso. A questão da água imprópria em Ponta Negra é tão antiga que já a consideramos uma constante; não nos surpreendemos mais com isso”.

Os frequentadores associam a situação ao grande volume de água dos bueiros próximos à orla sendo direcionado para o mar. Lucas explica: “Sempre que chove forte em Natal, os bueiros próximos à praia transbordam e a água acaba escorrendo para o mar. Sabemos que fica imprópria porque já vem com um odor forte, que às vezes permanece em certas áreas, como onde os bueiros descem escadarias até a praia”.

Diante da diminuição no número de clientes, os comerciantes da orla também reclamam da falta de infraestrutura para seus clientes. Lucas lamenta: “Não temos bancos nem iluminação adequada para os turistas que recebemos, e os banheiros nós mesmos precisamos administrar, já que não há iniciativa pública para cuidar do espaço”.

O problema levanta preocupações sobre possíveis conexões clandestinas às tubulações próximas à praia. Essas tubulações, destinadas ao escoamento das águas pluviais do bairro para o mar, podem estar sendo comprometidas por ligações clandestinas, o que acaba contaminando a água.

Tribuna do Norte