Escritora potiguar Clara Bezerra lança obra Roupa de Ganho em em 11 de agosto

 


Composto por um pouco mais de 100 poemas e aforismos, Roupa de Ganho” (Editora Paraquedas, 140 pág.), primeira obra de Clara Bezerra (@clara_bezerra), presenteia o leitor com versos que descrevem as dores, os prazeres e os desencontros do crescimento. Para revestir as emoções, a autora se vale de um vocabulário ancorado na geografia marítima. As águas, portanto, são abundantes na escrita, e povoam o livro em suas mais diferentes formas, trazendo consigo um sem número de metáforas possíveis. O evento de lançamento está marcado para dia 11 de agosto, no Belch Bar (Rua Marechal Rondon, 3501, bairro Candelaria), em Natal/RN, às 20h, com música de Ana Ferreira e Eliza Garcia.


A nomenclatura dos capítulos, inclusive, fazem alusão a esse universo. São eles: Córrego, Correnteza, Travessia, Mergulho e Fôlego. Em cada um, a escritora busca agrupar poemas relacionados e que de alguma forma conversam entre si. A cadência da escrita segue a metáfora dos nomes dados a cada parte do livro com a dramaticidade dos versos dilatando à medida que as páginas são viradas, como se fosse a metamorfose da inocência para consciência. 


“Na primeira parte trago o início desse percurso emocional. Em seguida, mostro como essas águas começam a ficar mais fortes, volumosas e claras. No terceiro capítulo, marco os lugares atravessados. Depois, evidencio a busca pelo amor. E por último, dedico ao trabalho com a palavra, que dá forma a isso tudo”, descreve Bezerra. 


A autora revela que, além da água, a palavra casa também atravessa todo o livro, e afirma que ambas são significantes que dão certa condução à obra. “Diria que ‘Roupa de Ganho’ fala dos caminhos que uma mulher fez para validar sua existência, com fluidez como a água, mas na busca do abrigo que encontramos em uma casa”, pontua. 


Uma das qualidades do livro é utilizar as metáforas que envolvem esses dois termos, e principalmente as relacionadas à água, sem exauri-las com repetições despropositadas. Ao contrário, a engenhosidade com que Bezerra dá novos sentidos à palavra a partir de combinações singulares e tocantes, aferem a grandiosidade da obra. 


É preciso ressaltar ainda a vocação do livro para encantar tanto na composição de versos concisos, que se fazem ainda mais potentes na leitura em voz alta por exaltar a rima como costura da cena, quanto na composição de poemas mais extensos, com enredos envolventes, sofisticados e ternos.

 

A destreza com que a autora estrutura a obra, permite que ela alterne o narrador, ora primeira pessoa, ora terceira, e ainda passeie por alguns poemas se valendo do ponto de vista de elementos da natureza. Ao fabular a partir de outras perspectivas, Bezerra amplia as possibilidades de criação de histórias, e oferece ao leitor experiências singulares e por isso potentes.


“Roupa de Ganho” imprime na história de Bezerra estrelas de excelência e uma identidade no mundo literário, ainda que a autora não consiga definir com precisão seu estilo. “Como água, acho que é fluido, mas consistente, formando imagens fortes, mas de forma cuidadosa e delicada”, resume a estreante.