Domingo (19) é dia do Bloco das Kengas no Centro Histórico de Natal

 


O domingo é o dia oficial das Kengas, eternas rainhas da Cidade Alta. A programação começará às 14h, com concentração no Bardallos. Às 15h entrará em cena uma orquestra de frevo, que às 16h vai seguir em cortejo pelo Centro Histórico. O palco das Kengas, em frente à Pinacoteca, será aberto às 16h30 com show de Ju Santos e discotecagem do DJ La Promo: e às 18h terá o clássico desfile para a escolha da Kenga 2023. Às 20h, show com o cantor pernambucano Johnny Hooker, e às 22h, frevo com a Orquestra do Papão.

As Kengas viram as centenas de foliões dos seus primeiros anos se tornarem milhares tempos depois. Segundo Lula Belmont, criador do bloco, isso acontece porque a ideia sempre foi ser uma agremiação inclusiva, sem barreiras. “É a própria natureza do carnaval. Ser uma festa onde não há divisão de classes sociais, raça e orientações sexuais. As Kengas nasceram com esse espírito, como parte de uma festa popular autêntica”, diz.

A primeira aparição das Kengas aconteceu em 1983, diante da Broadway, uma boate gay pioneira na cidade, localizada na Rua Felipe Camarão. A ideia nasceu entre amigos que brincavam o carnaval em Salvador e já gostavam de visuais extravagantes e femininos. “O palco era a própria rua, abríamos a roda e o desfile acontecia no chão mesmo, com uma charanga de 10 músicos. A rua ficou tomada de gente. O auê foi tão grande que ganhou repercussão na imprensa”, contou Lula. A partir daí, o carnaval de rua natalense ganhou uma nova cara.

Agora as Kengas chegaram aos 40, mas sem a menor crise de meia idade, garante Lula. O bloco está  conseguindo fazer a ponte entre a velha guarda e as novas gerações. “Há pelo menos uns quatro anos a gente pensa formas de atrair um publico novo, de dialogar com as novas gerações. Uma delas são as atrações dos desfiles, estamos apostando em artistas pop modernos, com Gabi Amarantos, Glória Groove, e agora o Johnny Hooker, um cara alternativo e polêmico”, explica.

O perfil mais jovem dos artistas é uma forma de atualizar as Kengas e manter seu legado no carnaval natalense. “O público sempre foi nosso maior aliado. A gente não tem corda ou abadá, nossa proposta sempre foi a fantasia – não só de Kenga”, afirma. Ajuda também o fato de a sociedade estar menos preconceituosa que há 40 anos. “O preconceito ainda existe, mas nunca ligamos pra isso. Abraçamos todos os segmentos”, enfatiza.

A cantora de samba Analuh Soares é a madrinha das Kengas de 2023. Ao longo das décadas, a figura da madrinha virou um atrativo a mais do bloco, já tendo figuras icônicas como Zezé Motta, Elke Maravilha, Preta Gil, Cissa Guimarães, Mart'nália, Tânia Alves, Monique Evans, Maria Alcina, entre outras. Os lugares também foram vários, como Centro de Turismo, Clube do América, Assen, boate Vogue, rua Chile, e até no Solar Bela Vista.