ARTIGO: Padre Júlio — o pecador. Por Marcus Aragão


Naquele tempo a Igreja Católica adotou o celibato dos padres e freiras para defender seu patrimônio. Não casava bem o sacerdócio com herdeiros brigando pelo patrimônio do padre. Isto é, o patrimônio da Igreja — era a Idade Média. Foi aí que começou, Deus me perdoe, o inferno dos padres.

Durante o papado de Gregório VII, em 1075, o clero foi obrigado ao celibato. Vejam que foi mais de 1000 anos depois de Cristo. Essa ideia não partiu de Jesus. Hoje em dia, continua na mesma ladainha, apesar de que muito se superou dos absurdos da Idade Média. Um bom exemplo foi o fim da venda de indulgências, ou o perdão divino a quem pagasse por isso. Graças a Deus, acabou. As missas em latim, também. Mas o celibato continua.

A manutenção de algo tão fora de contexto pode trazer, e tem trazido inúmeros problemas. Pedofilia, relações clandestinas com homens ou mulheres e muita repressão para não aceitar a maçã da eva. Ou de Adão.

— Se você ainda vai continuar a leitura deste artigo, reze 10 ave-marias e 10 pai-nossos.

Essa semana tivemos a vida do Pe. Júlio devassada nas redes sociais e antissociais. Pegaram o Júlio para Cristo. Mas o Júlio é humano e, como tal, erra. E é lógico que errou. Afinal, o adultério é um dos pecados mortais, porém, cabível de perdão se o arrependimento é genuíno. Vejam agora a ironia do destino. Particularmente, não conheço o Pe. Júlio, mas sei que todo padre atende fiéis que querem se confessar. Todos nós precisamos de uma segunda chance. Nos confessar, receber a penitência e voltar a vida com esperança de sermos pessoas melhores. Quem vai perdoar os pecados do Pe. Júlio se a arquidiocese e a sociedade já condenaram à fogueira?

— Senhor, tende piedade de nós.

A igreja não evoluiu quando Papa Francisco, em 2018, disse que padres gays devem largar o sacerdócio. O médico gay salva sua vida; o engenheiro gay constrói sua casa; o professor gay ensina sua profissão, mas o padre não pode ser homossexual nem hétero. Não pode ser nada. Deve ser um inferno mesmo.

— Vamos rezar a oração que o Senhor nos ensinou.

Viu? Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido. As partes envolvidas devem pensar em perdoar. É nosso dever e nossa salvação! Por isso, peço aos mais exaltados que guardem a tocha acessa, pois não vamos ter caça às bruxas. O nosso coração está em Deus.

— O amor de Cristo nos uniu.

Agora, tentando amar o próximo como a si mesmo, pergunto-me quem pode perdoar o Pe. Júlio por ter caído em tantas tentações? Antes, gostaria que o padre perdoasse a Igreja por insistir no celibato e em pensamentos vigentes da Idade Média e que perdoasse também a todos nós que expomos sua vida nas mídias.

— Aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra.

Após esse momento de fraternidade em que perdoaremos uns aos outros, rogo a Deus que tenha compaixão de nós, perdoe nossos pecados e nos conduza a vida eterna. Amém.

— Vamos em paz e que o senhor nos acompanhe.

Marcus Aragão
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