Cresce número de animais de estimação abandonados na capital potiguar

 

Foto: Liebermann Farias/Instituto Senhores Patas

O período de isolamento social levou as pessoas a mudarem suas relações com animais de estimação. Em busca de companhia ou até mesmo de apoio emocional, muita gente optou por adotar ou comprar gatos e cachorros para lidar melhor com o confinamento. No entanto, após o relaxamento desse período, muitos seguiram o caminho contrário e abandonaram seus pets.

O Instituto Senhores Patas, Organização não Governamental (ONG) localizada no Rio Grande do Norte, registrou em 2020; início da pandemia do novo coronavírus; um aumento no número de adoções – provavelmente, segundo a presidente Luciene Lima de Azevedo, por causa do lockdown. Porém, muitas pessoas precisaram retomar suas rotinas e esse movimento se inverteu. “No início da pandemia nós tínhamos cerca de 80 animais. Hoje nós temos mais de 150. Aumentou muito. E nessa época de férias, a situação piora”, disse a protetora.

A advogada especialista em causa animal Juliana Rocha explica que muitas famílias adotaram novos membros à época sem avaliar as mudanças que isso traria para a rotina.

“As pessoas começaram a adotar animais de estimação no início da pandemia por vários fatores, só que a adoção tem que ser responsável. É preciso pesar muitas coisas, inclusive a rotina. E como as pessoas não estavam em sua rotina normal, elas acabaram incluindo um membro na família que não se enquadrava no estilo de vida, na normalidade do dia a dia. E aí quando começaram a sair do home office, do teletrabalho, muitos viram que o animalzinho não tinha espaço na família – inclusive financeiramente. Então, houve uma explosão de abandono de animais”, explicou Juliana.

A especialista alerta para a necessidade de ser responsável e reavaliar a rotina familiar com a inclusão de novos membros. “Quando a adoção é feita de forma responsável, há maior probabilidade do animalzinho sair da ONG e ficar realmente no lar e ter uma família. Infelizmente já presenciei vários casos onde a pessoa aparentemente quer o animal, leva pro pet shop, veterinário e, em seguida, devolve [o animal] porque diz que não se adaptou”, diz Juliana.

A dificuldade de adoção enfrentada por organizações de causas animais é mais acentuada quando os animais são idosos. “Quando os cachorros já têm uma certa idade, a adoção se torna ainda mais difícil. Inclusive, o número de animais idosos abandonados é gigantesco. Tem as despesas com tratamentos de doenças, patologias, e as pessoas às vezes não tem condições financeiras e os abandonam. Alguns porque não querem ver sofrer, mas óbvio que isso não justifica. São seres totalmente dependentes, é uma maldade”, explica Juliana Rocha.

No Brasil, o abandono de animais é considerado crime de maus-tratos pela Constituição Federal e pela Lei de Crimes Ambientais. Além de cruel e desumano, abandonar animais em locais públicos é crime. O responsável deve ser punido com prisão, multa e até mesmo a perda da guarda do animal. A Lei é válida para quaisquer tipos de animais: silvestres, domésticos, nativos ou exóticos, de pequenos, médios ou grande porte.

“O delegado não pode mais arbitrar a fiança. Então o indivíduo [que abandonar ou maltratar animais] só poderá ser solto na audiência de custódia pelo juiz. Nesses casos, não cabe mais aquelas penas alternativas, como trocas por cesta básica. Ele será punido”, informou a advogada Juliana Rocha.


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