Após pescador morrer atropelado no RN, parentes fazem protesto devido soltura de condutor do carro

 


Parentes e amigos do pescador Manoel Modesto da Silva, de 53 anos, resolveram fazer um protesto pedindo justiça às autoridades na tarde desta quarta-feira 28. A vítima foi atropelada por um turista, na segunda-feira 27, em Touros, no Litoral Norte do RN. O condutor do veículo – um carioca, de 36 anos, que mora na Europa – foi preso e solto após pagar a fiança de 10 salários mínimos em audiência de custódia. Ele poderá responder em liberdade pelo caso e ficou com o direito de dirigir suspenso.

Ao fechar a RN-023, familiares e amigos colocaram fogo no trecho onde o pescador foi atropelado. Algfumas faixas pediam “Justiça por Manoel”.

“Nós pedimos justiça pela morte de Manoel e mais segurança, porque nós estamos com medo de estar na rua. Precisamos que as autoridades façam algo para nos proteger nesse sentido”, disse Eduardo Carlos da Silva, de 40 anos, primo de Manoel.

“Causa uma frustração muito grande. Ele matou meu primo, saiu e deixou ele lá jogado, o que não se faz nem com um cachorro, e ainda escondeu o carro. E ai vai embora. A vida que segue, a dele. Mas e a do meu primo, vira só mais uma estatística? A família dele está destruída. Queremos justiça”, complementou.

Atropelamento

A ocorrência foi registrada na manhã da segunda-feira 27. Eduardo disse que foi um dos primeiros a chegar ao local do acidente. Com isso, foi iniciada uma busca pelo suspeito em conjunto com outras pessoas.

Ainda de acordo com Eduardo, o turista abandonou o veículo, modelo Jeep Compass, em São Miguel do Gostoso, município vizinho. Depois, fugiu do local. Porém, acabou sendo localizado em um hotel onde estava hospedado. Ao ser acionada, a Polícia Militar prendeu o homem.

“Eu e os policiais militares somos testemunhas de que ele estava embriagado, dormindo enrolado em toalhas”, afirma o primo da vítima. Porém, Eduardo disse que o delegado não registrou a embriaguez do suspeito. Ele também informou que entorpecentes foram encontrados no carro abandonado. Essa seria a possível justificativa para a liberação na audiência de custódia.

“O delegado não apresenta droga, não apresenta que ele estava embriagado e ele é liberado na audiência de custódia. Isso é revoltante”, declarou.

Versão da Polícia Civil

A versão da família é contestada pela Polícia Civil. Segundo o órgão, o homem foi autuado por homicídio culposo e omissão de socorro, recebendo voz de prisão em flagrante. A polícia ainda diz que consta no procedimento que o suspeito se recusou a fazer o teste do bafômetro.

A corporação ainda disse que o homem foi autuado por posse de droga para consumo, mas não havia indício de tráfico. Ao chegar na delegacia, o homem não tinha sinais visíveis de embriaguez. A Polícia Militar também não registrou constatação de embriaguez, segundo a Civil informou.

A decisão de liberação em audiência de custódia foi expedida no plantão da Comarca de João Câmara, através do juiz Gustavo Henrique Silveira Silva.

Perfil da vítima

Eduardo ainda disse que Manoel Modesto da Silva era casado e tinha dois filhos. Os parentes ainda disseram que ele estava voltando da feira, de bicicleta, e acabou sendo atropelado a cerca de 20 metros de casa. “Era uma pessoa que não tinha malquerença com ninguém. Uma pessoa boa, que vai fazer muita falta. E ainda ouvimos dizer que o advogado do atropelador pediu teste para saber se ele (a vítima) estava embriagado. É a inversão da vítima em réu. Um absurdo”, disse.

*Com informações do G1 RN.