Ricardo Valério assegura que cenário no América não é de “terra arrasada”

 


Economista, empresário, assessor da Secretaria de Planejamento do Governo do RN, ex-presidente do Conselho de Economia do RN e conselheiro da Agência de Fomento do estado (AGN). Pai de três filhos e um enteado, homem bastante tranquilo, e que busca sempre o melhor para o seu clube de coração, no caso o América. Assim é Ricardo Valério.

Agora RN – Como o senhor avalia a sua administração à frente do América, como presidente?
Ricardo Valério – Sou presidente circunstancialmente. Assumi quando o clube já estava na série D, em 2020. Assumi na quarta rodada, quando a equipe, de onze partidas restantes, teria que ganhar oito. E conseguimos. Agora, as dificuldades financeiras só aumentaram devido a pandemia. Ficamos 19 meses sem público e sem renda, situação nunca enfrentada por nenhuma gestão nos 106 anos de história do América.

Então, é difícil administrar assim, atropelando todo e qualquer planejamento que havíamos traçado. Mesmo assim, o cenário não é de terra arrasada. Estamos deixando o clube mais organizado, com uma renda imobiliária de mais de R$ 200 mil/mensais, que significa algo próximo R$ 2,5 milhões e meio/ano, descontando-se IPTU e condomínio, todos devidamente em dia. Deixo ainda uma carteira de patrocínio de mais R$ 70 mil/mensais, o que dá R$ 840/ano em recursos e permutas todos devidamente encaminhados nas suas renovações. A Nota Potiguar é outro patrocinador que veio para ficar e será outra renda mensal sustentável para o ano de 2022, conforme entendimentos com o Governo do Estado.

Agora RN – Se arrepende de ter assumido a presidência do clube com a renúncia de Leonardo Bezerra?
Ricardo Valério – Não, em absoluto. Quando assumi, como administrador, sabia que estava assumindo uma gestão difícil. Mas não podia largar meu clube de coração nas circunstâncias em que ele se encontrava em 2020. Nunca desejei ser presidente do América, apesar de ter sido insistentemente convidado, pois nunca tive essa vaidade. Tenho uma vida super atarefada e sabia dos muitos sacrifícios que iria impor a minha família, minha saúde e vida pessoal. Porém, mesmo assim, não existe arrependimento diante do meu amor pelo América.

Agora RN – O senhor permanece no futebol na nova gestão?
Ricardo Valério – Não. Continuarei apenas como conselheiro. Vou atuar como gestor.

Agora RN – Existe um projeto em andamento no tocante ao CT de Japecanga?
Ricardo Valério – Sim. Estamos conversando com várias empresas. A ideia é permutarmos parte do nosso terreno em Japecanga em área de lazer, construções de prédios, salas comerciais, entre outros empreendimentos. Será a redenção do clube na parte financeira. Não venderemos nada. Iremos submeter a proposta ao Conselho Deliberado. A proposta é muito bem vista pelo novo presidente executivo, Souza. Fortaleceremos as bases do clube. Hoje, temos sérios problemas nas bases. Acredito que tem tudo para dar certo. Estamos trabalhando este projeto diariamente.

Agora RN – O problema da dívida do futebol feminino já foi resolvido?
Ricardo Valério – Sim. Já equacionamos este problema. Quitamos a dívida. Tudo não passou de um mal entendido. Faltavam algumas notas que já foram entregues e o débito devidamente pago.

Agora RN – Presidente, é verdade que o América pretende locar, parcialmente, a sede social?
Ricardo Valério – Sim, é verdade. Estamos em negociação em curso em relação a locação do nosso salão de festas, para um supermercado. Estamos sem utilizar o salão de festas há anos. Hoje, não temos condições de investir para adaptar o salão a nova realidade.

O América é em um bairro nobre da cidade e não se pode fazer eventos sem fazer as mudanças necessárias e isso é custo. E um custo altíssimo para o clube que não dispõe de dinheiro para isso. A palavra final caberá ao Conselho Deliberativo. Podemos deixar de ter despesas e passarmos a ter receitas. Preservaremos todas as áreas do clube, que permanecerá no mesmo local, porém, além do aluguel do imóvel, poderemos ter receitas com as vendas dos nossos produtos para os torcedores.

Agora RN – O senhor assumiu a presidência do clube em mais uma renúncia de um presidente. Isso, de alguma forma, atrapalhou sua gestão?
Ricardo Valério – Sou um dos poucos vice-presidentes que assumiu o clube e que também não renunciou junto com o presidente. Cumpri meu mandato na íntegra, apesar de todas as dificuldades, conforme citei. Tive sérios problemas de saúde, contudo, mesmo assim, continuei no comando. Inclusive, tenho sequelas da minha doença até hoje.

Agora RN – Como o senhor vê às bases do América?
Ricardo Valério – Meu maior sonho sempre foi estruturar as bases. Tínhamos conseguido um grande empreendedor e com uma excelente condição contratual, entretanto, com a chegada da pandemia, as negociações foram frustradas, estrangulando nossas pretensões. Agora, hoje, já temos uma nova minuta do contrato que em breve será analisada pelo nosso Conselho Deliberativo.

Agora RN – O senhor acredita que o novo presidente eleito, Souza, poderá realizar uma boa gestão?
Ricardo Valério – Sim. Souza está formando um excelente time para lhe assessorar. Acredito que lutaremos por títulos. E que brigaremos para retornar à série C. Souza é um vitorioso. Um homem sensato. Uma pessoa equilibrada. O seu grau de amizade com presidentes e dirigentes de clubes pelo Brasil afora será de grande importância para formamos uma equipe bastante competitiva para 2022.

Agora RN – Como o senhor está vendo a formação da nova comissão técnica da equipe, visando 2022?
Ricardo Valério – Vejo de forma bastante positiva. A permanência do técnico Renatinho Potiguar, a manutenção de Leandro Sena, e a chegada (retorno) de Moura como gerente de futebol, me dão a certeza de que tudo caminha para a volta à normalidade no América.

Agora RN – O senhor tem conversado com Souza?
Ricardo Valério – Sim, tenho. Desde as primeiras sinalizações de que a Souza seria candidato a presidente, que converso com ele. Souza veio da torcida. Veio do povo. É legítima e sustentável a sua chegada. Antes dele ser eleito, tivemos várias reuniões, onde traçamos estratégias para que tudo possa ser da forma mais transparente possível. Nas nossas reuniões, outros ex presidentes também têm participado, opinado. Estou entregando, gradativamente, relatórios com tudo colocado na mesa de forma bastante transparente. Sem maquiagem. Acredito que Souza será um grande presidente.