No CNSE, economistas mostram otimismo com crescimento do varejo, mas alertam para pontos de atenção como inflação, juros e crise hídrica

 

Em Bento Gonçalves, onde ocorre o 36º Congresso Nacional dos Sindicatos Empresariais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNSE), a tarde desta quinta, 30, foi dedicada a debater o cenário atual da economia e as perspectivas para a retomada do desenvolvimento no cenário pós-pandemia. Os economistas Alexandre Englert, do Sicredi; e Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), apresentaram alguns números e percepções sobre o tema e, em linhas gerais, traçaram um cenário positivo, embora ressaltem alguns pontos de atenção e incertezas que devem se estender até o final de 2022. 

 

Englert, por exemplo, destacou que a atividade econômica nacional de fato vem experimentando a famosa retomada “em V”- alusão ao formato do gráfico que representa uma queda acentuada seguida de uma subida igualmente forte. “Nós já voltamos hoje ao nível de atividade Pré-Covid. Mas, antes da crise, nós tínhamos tendências de crescimento forte para os meses seguintes. Hoje, não temos como afirmar se teremos, no curto prazo, esta mesma tendência. Isso porque, ao que parece, o crescimento em V se deu pelo efeito rebote, ou seja, você chega no fundo do poço bate e volta. Isso projeta dificuldades e incertezas quanto à sustentação desta retomada em ritmo forte”, disse ele. 

 

O economista do Sicredi citou problemas como a inflação, a crise energética e a redução da renda dos trabalhadores como alguns dos pontos de atenção que tornam a previsão do futuro de médio e longo prazos “difícil e cheia de incertezas”. 

Ele destacou que o Sicredi prevê um crescimento da economia nacional em 2021 e de 1% em 2022. Seria, no entendimento dele, um crescimento razoável e dentro do contexto que se vive hoje no mundo inteiro. 

 

Para Alexandre Englert, a inflação – “que tende a fechar 2021 perto dos 10% – tende a ser reduzida no ano que vem, muito na esteira do crescimento da Selic (que ele estimou em 9% para 2022) e no ajuste dos preços das commodities. “Este, aliás, é outro ponto de atenção. Porque a Selic sobe para conter a inflação, freando o consumo. Mas ela traz consigo o efeito colateral do encarecimento do crédito o que sufoca as empresas”, disse. Também para 2022, ele previu o reaquecimento do mercado de trabalho, com níveis mais altos de contratação, sobretudo pelo comércio e pelos serviços. 

 

O otimismo de Englert foi ratificado pelo chefe da Divisão Econômica da CNC, Fábio Bentes, que também fez praticamente os mesmos alertas que o colega: atenção à inflação, crise hídrica e taxas de juros. 

 

Bentes destacou ainda o fato de que o varejo está, este ano, com uma taxa de crescimento próxima dos 11% no país até julho (no RN, o crescimento é de 9,5%), o que reforça o otimismo para um fechamento de ano digno de comemoração. “Mesmo sabendo que parte deste crescimento se deve à baixa base de comparação, precisamos destacar o quão importante é estarmos crescendo”, disse ele que fez questão ainda de destaca varejo voltou a ser visitado – apesar de todo o crescimento do e-commerce que só no ano passado disparou 40% – “e os reflexos disso estão nos sucessivos aumentos de vendas que vimos registrando desde março deste ano”, pontuou o economista.