Golpes e estelionatos têm aumento de 314% no RN

 


O número de registros de estelionatos, golpes e fraudes disparou no Rio Grande do Norte em 2021. De acordo com dados enviados a pedido da TRIBUNA DO NORTE pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais da Secretaria da Segurança Pública (Coine/Sesed), até agosto deste ano foram registradas 12.388 denúncias de casos, contra 2.992 no mesmo período em 2020. O aumento é de 314%. Com relação a 2019, o aumento foi de 265%.

Para especialistas, investigadores e vítimas, a pandemia de coronavírus, que obrigou os potiguares a passar mais tempo em casa com as medidas restritivas, fazendo maior uso do celular e o computador, pode ter sido um dos fatores que fizeram com que esses números crescessem tanto em 2021.

“A tendência é que isso cresça tendo em vista o nível de informatização das atividades. O que antes era presencial agora passou a ser virtual e isso facilita o crime de estelionato e os furtos mediante fraude. Isso é uma tendência da modernidade. Com a pandemia, essa migração para os meios virtuais foi muito mais rápida, de transações bancárias e eletrônicas”, explica o delegado Marcuse Cabral, da Delegacia Especializada em Falsificações e Defraudações (DEFD).

Quem foi vítima de um golpe milionário neste ano foi a médica intensivista Camila Costa. Em fevereiro deste ano, ela foi vítima através de um portal falso de leilões e perdeu cerca de R$ 240 mil ao tentar arrematar 5 itens no suposto leilão. Ao ir ao local indicado no site para resgatar seus objetos, que incluía uma lancha e 4 automóveis, ela descobriu que a rua  em Parnamirim não tinha nenhuma conexão com o portal de leilões.

“Não consegui recuperar nada do que foi roubado. Tenho minhas dúvidas se os mesmos bandidos estão tentando me coagir de alguma forma. Um deles se passou por policial e disse que tinha achado o criminoso, pedindo propina para eu reaver meu dinheiro. Mas claramente era uma fraude”, explica a natalense.

Outro potiguar que passou pelo mesmo drama recentemente, há duas semanas, foi o policial militar Aderlan Pereira, morador da cidade de Currais Novos. Ele tinha o WhatsApp aberto, isto é, sua foto aparecia para todos os contatos. A pessoa que cometeu o crime contra ele, segundo explica, usou desse artifício e saiu pedindo recursos a familiares, como a mãe e dois de seus irmãos, que não desconfiaram. “Tudo por troca de mensagens”, cita.

“Essa pessoa começou a falar com meus familiares que eu estava em Mossoró comprando um carro. E não tinha como eu trocar de carro agora, porque eu estou fazendo uma casa. A minha sugestão para as pessoas nesses casos é: façam uma chamada de vídeo e liguem para o telefone original da pessoa ”, analisa. Segundo ele, o prejuízo foi de cerca de R$ 14 mil, valor que não foi recuperado. Ele ainda fez uma série de críticas à Polícia Civil pela vagarosidade nas investigações. “Tratam como se fosse número”, disse.


TRIBUNA DO NORTE