Batismo de Jesus - Artigo de Dom Jaime Vieira Rocha

 


Prezados leitores/as!

Neste domingo, 10 de janeiro, a Igreja celebra a Festa do Batismo do Senhor. Esta Festa comemora o acontecimento do batismo de Jesus, realizado por São João Batista. Ao início, devemos afirmar: Jesus não precisava ser batizado por João. Na verdade, o batismo pregado por João, era para o perdão dos pecados, e Jesus não tinha pecados, pois Ele era o Filho de Deus. Mas, conforme as mesmas palavras de Jesus a João, vemos claramente o sentido de tal evento para a missão de Jesus: “Mas João queria impedi-lo, dizendo: ‘Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?’. Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Por ora, deixa, é assim que devemos cumprir toda a justiça’” (Mt 3,14s).

Jesus é batizado. Os relatos dos evangelistas (Mt 3,13-17; Mc 1,9-11; Lc 3,21s; Jo 1,29-34) mostram a cena do batismo de Jesus com alguns sinais que revelam a sua identidade e, também, a manifestação da Santíssima Trindade. Após ser batizado por João, o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma de pomba e do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amando; nele está meu pleno agrado” (Mt 3,17). Assim se expressa o Catecismo da Igreja Católica acerca do batismo de Jesus no Jordão: “A consagração messiânica de Jesus manifesta a sua missão divina. Aliás, é o que indica o seu próprio nome; porque no nome de Cristo está subentendido Aquele que ungiu. Aquele que foi ungido e a própria Unção com que foi ungido. Aquele que ungiu é o Pai, Aquele que foi ungido é o Filho, e foi-o no Espírito que é a Unção’” (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA n. 438. Neste número, o Catecismo faz uma citação de Santo Irineu de Lião, bispo, do século II). Esta realidade da unção de Jesus pelo Pai no Espírito Santo, é considerada como acontecida no Jordão. De fato, temos o testemunho da própria Sagrada Escritura que reconhece essa relação. No livro dos Atos dos Apóstolos, Pedro atesta: “Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder” (At 10,37-38a).

Jesus é o Ungido de Deus. Também Jesus expressa a relação de sua identidade com a sua missão a partir do batismo no Jordão. Quando ele vai à Sinagoga de Nazaré, ele lê um trecho do livro do profeta Isaías, onde diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres...” (Lc 4,18, citação de Is 61,1s). Como Ungido de Deus, Jesus é o Cristo. O nome “Cristo”, em grego significa “ungido”, e é a tradução da palavra hebraica “Messiah”. Assim, vemos o porquê somos chamados de “cristãos”: porque também nós somos ungidos no Batismo, somos “outros Cristos”.

Devemos dizer que existe uma diferença entre o batismo pregado por João e o Batismo advindo de Jesus. De fato, como nos diz o Catecismo: “O santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito («vitae spiritualis ianua – porta da vida espiritual») e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão” (CATECISMO…, n. 1213).

Celebrar a Festa do Batismo do Senhor deve fazer-nos lembrar o dia do nosso Batismo. Comemoremos também essa data importante na nossa vida e missão. E aqueles que não sabem essa data, devido a não ter encontro o registro, celebrem nesse domingo, pois quando Jesus foi batizado, Ele recebeu o Espírito Santo, Aquele mesmo que Ele nos dá como o dom por excelência. Que através do seu Espírito possamos viver a graça da imitação de Cristo e assim, experimentar a alegria de sermos participantes do seu discipulado missionário.

Dom Jaime Vieira Rocha - Arcebispo Metropolitano.