Comunidades se unem em rede de solidariedade para enfrentar a pandemia do coronavírus em Natal
Alguns bairros e comunidades de Natal criaram redes de solidariedade para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social que não têm conseguido se sustentar e nem se proteger devidamente do novo coronavírus. Além disso, esse grupos têm atuado conscientizando os moradores em relação aos perigos da Covid-19.
Um desses exemplos acontece na Vila de Ponta Negra, na Zona Sul de Natal, em que grupos têm promovido ações sociais para arrecadação de cestas básicas e produtos de limpeza e distribuição de máscaras. Eles também atuam informando pelo bairro sobre as medidas de prevenção e os procedimentos em casos suspeitos de coronavírus.
"Entre essas divulgações, nós transmitimos mensagens educativas em carros de som e também temos colocado faixas por toda a Vila pedindo para as pessoas ficarem em casa e informando sobre a situação das UTIs e dos cemitérios", explicou o advogado popular Luciano Falcão, que faz parte dos projetos Fórum Vila em Movimento e Organização Mutirão, que tem realizado essas ações.
Eles têm conseguido arrecadar, além de cestas básicas, máscaras e também kits de limpeza, com sabão e sabonetes. "Muita gente tem atuado em áreas diferentes para ajudar. Ainda não conseguimos contemplar todo o território, porque é muito amplo. Estamos priorizando nesse momento as pessoas em vulnerabilidade social", explicou.
"Historicamente o bairro sofre com muito preconceito da elite e aqui é um espaço de grande discrepância social. Então nesses momento não sei o que é pior. Passamos por uma pandemia e por uma crise ética, em que as comunidades ficam mais vulneráveis ainda".
O retorno das ações tem sido visto, como por exemplo, com pessoas usando máscaras nas ruas, mas a divulgação tem sido contínua. O advogado conta que é um cenário delicado. "Não dá pra pedir o isolamento para muitas casas na Vila, em que a calçada já é o quintal. São casas muito humildes", falou.
"No início ficamos um pouco anestesiados, mas decidimos agir. Vamos salvar vidas, porque estamos no meio de uma guerra contra um inimigo invisível".
Mãe Luiza também tem apoio coletivo
O bairro de Mãe Luiza, na Zona Leste da cidade, também tem tido ações coletivas para ajudar pessoas que estão necessitadas na localidade durante a crise. Desde o dia 19 de março, o Conselho Comunitário do bairro tem atuado com mensagens em carro de som para os moradores com medidas preventivas recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Além disso, tem contado com a ajuda de outras ações, como o Arraiá do Piná, que arrecadou e doou mais de 2 mil máscaras de tecido para moradores do local e o Ajude Aí, que conseguiu 140 cestas básicas para famílias do bairro. "No momento, nós já conseguimos atender mais de 400 pessoas com cestas básicas", falou Jefferson Nascimento, presidente do Conselho Comunitário de Mãe Luiza.
Jefferson conta que no início os moradores estavam resistentes às medidas, mas ele acredita que cenário melhorou de lá para cá em relação à conscientização. "Eles tiveram certa resistência, porque não queriam acreditar que o vírus poderia chegar a Mãe Luiza. Muitos acreditavam que era um doença apenas para a elite, para quem ia para o exterior. Hoje já é possível ver que as coisas mudaram um pouco", falou.
As mensagens em carros de som também são frequentes, como forma de alertar a população. "Além das medidas de prevenção, explico também como proceder em caso de sintomas, o que fazer, quando ir para o posto de saúde", contou Jefferson.
G1 RN