A atuação das mulheres no poder público foi tema de audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (10), na Assembleia Legislativa. Com a temática nós podemos, o evento proposto pela deputada Cristiane Dantas (SDD) e pelo deputado Kelps Lima (SDD) promoveu um debate sobre a participação das mulheres na vida política da sociedade e a falta de representatividade nos diversos espaços.
Como um dos propositores da audiência e defensor da causa feminina, o Deputado kelps Lima (SDD), lembrou a história de luta das mulheres para ocupar espaços na política e os problemas cotidianos enfrentados pelas mulheres em consequência do machismo. “Ainda hoje há muitas barreiras para que as mulheres ocupem espaços. Entrei na causa feminina por meio de ações, da minha ação política cotidiana. Esse envolvimento me deu a lição de que os homens não são capazes de implementar as políticas públicas que as mulheres necessitam. As mulheres precisam se sentir encorajadas para entrar na política. Não tenho dúvida de que mais mulheres na política significa mais qualidade”. Defendeu o Parlamentar.
A Vice-presidente da OAB, Rossana Daly de Oliveira Fonseca, lembrou o cotidiano violento em que muitas mulheres vivem e lamentou a falta de espaços para as mulheres nas instituições. “A violência cotidiana é algo comum. Diariamente, vemos história de mulheres violentadas pelos companheiros. Quanto a ocupação de espaços, percebi que apesar de sermos número maior nas faculdades do Brasil e de sermos mais estudadas, não ocupamos os mesmos espaços na política e nas empresas privadas também. Na OAB, em 100 (cem) anos de instituição não há uma mulher como presidente, nas seccionais da OAB não há uma mulher como presidente, portanto, temos uma longa estrada para percorrer, pois estamos muito distantes da igualdade”. Explicou Rossana Daly.
Representando a Frente Parlamentar da Mulher, a Deputada Cristiane Dantas (SDD), defendeu maior representatividade feminina na política e demais espaços do poder público e privado. “Precisamos entender que não é só na política que temos uma baixa representatividade. É em todas as áreas. Precisamos de um equilíbrio onde possamos trazer as pautas femininas, pois temos uma visão diferenciada. Estamos muito distantes na questão da igualdade de gênero. Como presidente da Frente Parlamentar da Mulher, temos lutado bastante nas pautas relacionadas a luta das mulheres, como por exemplo, em relação a busca por maior representatividade, igualdade salarial, além de questões como saúde e segurança da mulher. Somos, realmente, capazes de ocupar os espaços que merecemos na política, no judiciário, pois nada nos foi dado, tudo foi conquistado”. Disse Cristiane Dantas.
Juíza Titular do Tribunal Regional Eleitoral (TER), Adriana Cavalcante Magalhães Faustino, Lembrou a luta de mulheres que foram pioneiras na busca pelos espaços e defendeu maior participação feminina na política. “Alzira Soriano, Nísia Floresta, Maria do Céu Fernandes, Lindalva Torquato Fernandes, Eliane Amorim das Virgens, foram mulheres que em sua época romperam barreiras impostas, foram pioneiras na construção da voz feminina e abriram caminhos para as mulheres. Observo, como juíza eleitoral, que o ambiente político se recente da participação feminina. A paridade é uma luta diária e precisamos seguir fortes e altaneiras para conseguir o ideal de justiça e igualdade. Nós podemos e devemos seguir em frente”.
A advogada Luciana da Silveira Bezerra, representante do Solidariedade, explicou como o partido vem estimulando a participação das mulheres na política. “Dentro do Solidariedade, lutamos diariamente pela inclusão da mulher na política, mas isso é algo que não é fácil. Temos que entrar chutando a porta, uma vez que, a política precisa da atuação feminina. Enquanto secretária da mulher, estamos à disposição para nos unir nessa luta pela busca por espaços. Estamos acreditando que esse é o momento da mulher na política, não queremos só flores, queremos muito mais. O Solidariedade tem essa política de estimular. Eu posso vocês podem, nós todas podemos.
A Presidente da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ/RN), Sâmua Martins, explicou a atuação da associação nos espaços jurídicos. “Faço parte de uma associação que visa defender as prerrogativas das mulheres de carreira jurídica e que busca espaços, mas entendemos que esse espaço não está totalmente disponível. De fato, temos que tomar posse daquilo que é nosso. Precisamos estar nos lugares de poder e se sentir úteis. A representatividade na política é importante, tendo em vista que, vamos ter mais possibilidades para desenvolver políticas públicas necessárias. Temos que tomar o nosso lugar e a paridade tem que existir. Temos que decidir viver o extraordinário nas nossas vidas para dar voos mais altos”. Defendeu a advogada.
Udimar Pessoa, coordenadora do Programa Câmara Verde da Câmara Municipal de Natal, também defendeu maior participação feminina na política. “Esperamos que 2020 seja um divisor de águas nas nossas vidas e na política. O que temos hoje em termos de políticas públicas, só existe porque as mulheres lutaram o isso. Quem tem que fazer a mudança somos nós, a baixa representatividade está ligada a exclusão da vida púbica que é ainda hoje é um fator marcante na vida pública”. Afirmou.
Representando o Solidariedade Mulher, Magnólia Figueiredo, lembrou como foi difícil o início da carreira, no esporte, por ser mulher, criticou o machismo e sugeriu união para lutar contra o preconceito. “Não é fácil ocupar esses espaços. No esporte, área em que atuei, no passado também foi difícil. Houve um tempo em que as mulheres não podiam nem assistir os jogos olímpicos. Faz apenas oito anos que as mulheres podem competir em todos os esportes nos jogos olímpicos. Precisamos da ação de ocupar os espaços. Essa transformação está dentro de nós. Acho que nenhuma de nós pode abrir mão do que escolhemos. A sociedade ainda é muito machista, mas não podemos deixar que isso continue. Hoje, nós somos maioria e não podemos admitir que essa maioria não se reflita nos espaços ocupados dentro da política”. Declarou Magnólia.
A procuradora chefe do Ministério Púbico Federal, Cibele Benevides, defendeu uma mudança de cultura para permitir que as mulheres tenham oportunidade de fazer suas escolhas. ” As mulheres não podem crescer tolhendo os seus desejos. Nos vimos mulheres cientistas, ganhando Prêmio Nobel, executando tarefas consideradas típicas de homens, pilotando aviões, na polícia. É preciso entender que a mulher é livre para fazer o que quiser. Ocorre que isso depende muito de como educamos os filhos. A forma como educamos os filhos está reproduzindo uma cultura de desigualdade e isso precisa mudar. A menina tem que ser educada igual ao menino e o menino igual a menina, cada um podendo fazer suas escolhas e se permitindo ser o que quiser ”. Defendeu a procuradora.