Com dezenas de mortos no Irã, Coreia do Sul e Itália, coronavírus mantém mundo em sobressalto

Autoridades com máscaras caminham ao lado de um ônibus da cidade italiana de Milão que ficou em quarentena após a detecção de um caso suspeito de coronavírus.ALEX MARTIN / EFE

O novo coronavírus não tem dado respiro. A doença parecia manter-se localizada na China, com casos pontuais fora dali. Mas depois de um mês, ela aparece com força em alguns países, como a Coreia do Sul, ao leste do território chinês, onde sua rápida propagação elevou para 833 o total de infectados pelo vírus, o maior número em um país fora da China. Foram 231 novos casos só nesta segunda. Trata-se também do maior aumento diário até agora na Coreia do Sul, segundo os dados divulgados no site dos Centros Coreanos para o Controle de Doenças (KCDC, na sigla em inglês). O país asiático também confirmou a morte de um sétimo paciente pelo Covid-19, a doença provocada pelo coronavírus CoV-19. Cerca de 60% dos pacientes têm vínculos com uma igreja da denominação cristã Shincheonji de Jesus na cidade de Daegu (sudeste), epicentro dos contágios na Coreia do Sul. Na China, 2.522 pessoas morreram e 79.354 foram contaminadas desde que o início do surto.

O coronavírus já se espalha para outras regiões fora da Ásia, chegando forte na Europa pela Itália, e no Oriente Médio pelo Irã. Cinquenta pessoas morreram desde o começo do mês por causa do coronavírus na cidade iraniana de Qom, informou a agência semioficial ILNA nesta segunda-feira, citada pela Associated Press. A cifra é significativamente mais alta que o último balanço oficial das autoridades, com 12 mortes de um total de 61 contágios, o que foi negado “categoricamente” pelo vice-ministro da Saúde, Iraj Harirshi.

Mais de 250 pessoas estão em quarentena em Qom, segundo o deputado ultraconservador Ahmad Amiriabadi Farahani, que falou à imprensa após uma sessão parlamentar a portas fechadas sobre o vírus. Farahani acusou o Governo de “não dizer a verdade” sobre o alcance da epidemia no país, segundo a ILNA.

A cidade, 120 quilômetros ao sul de Teerã, é um popular centro teológico, visitado por milhares de peregrinos e estudantes xiitas procedentes de todo o Irã e de outros países. As mortes, segundo essa fonte, começaram no dia 13, embora o Irã só tenha anunciado os primeiros casos nos dia 19.

“Os outros meios não publicaram esta cifra, mas nós preferimos não censurar o que diz respeito ao coronavírus, já que a vida das pessoas está em perigo”, declarou Fatemeh Madiani, chefa de redação da agência ILNA, à France Presse.

Kuwait, Bahrein e Iraque relataram seus primeiros casos nesta segunda-feira, todos envolvendo pessoas procedentes do Irã. No Iraque, trata-se de um estudante iraniano de Teologia na cidade de Najaf, que entrou no país antes que o Governo proibisse o acesso de não nacionais procedentes da República Islâmica. O Kuwait detectou o vírus em três das 700 pessoas retiradas no sábado da cidade iraniana de Mashhad. No Bahrein, o indivíduo contagiado é um cidadão do país que tinha estado no Irã.

Na Itália, as autoridades sanitárias confirmaram três novas mortes pelo coronavírus na região da Lombardia, o que eleva a seis os falecidos no país. Um deles é um homem de 84 anos que estava internado em um hospital de Bérgamo por outras doenças, e outro, também do sexo masculino, de 88 anos, residente em Caselle Lanne. Quatro das mortes ocorreram nesta região do norte do país. A Itália está reforçando as medidas de segurança para conter a expansão do coronavírus, enquanto os resultados positivos de exames específicos em cinco regiões (Lombardia, Vêneto, Emilia Romana, Piemonte e Lácio) ascendem a 219, informou à imprensa nesta segunda-feira o chefe da Defesa Civil, Angelo Borrelli.

A Lombardia soma 167 casos (sendo 5 mortos), o Vêneto, 27 (1 morto), Emilia Romana, 18, Piamonte, 4 (depois de dois outros casos serem descartados após vários exames), e Lácio, 3 (um casal chinês atualmente internado e um paciente curado).

Contágio por voluntários na Coreia do Sul
A Coreia do Sul decretou no domingo alerta máximo pela acelerada propagação do coronavírus em menos de uma semana: de 30 casos em 17 de fevereiro para 833 nesta segunda-feira, com sete mortes. Desde sexta-feira passada, Daegu, a quarta cidade maior do país, com 2,5 milhões de habitantes, e o vizinho condado de Cheongdo foram declarados “zonas de cuidado especial”. As autoridades submeterão a exames específicos 28.000 pessoas com sintomas de gripe em Daegu, informa a agência Yonhap.

Enquanto isso, cresce a preocupação com a situação do hospital Daenam, no condado de Cheongdo. Cinco dos sete mortos – o último dos quais, um homem de 62 anos – estavam internados nesse centro, que se tornou outro foco importante de infecção, com pelo menos 111 afetados. A origem das transmissões poderia provir de visitas de membros da igreja Shincheonji como parte de suas atividades de voluntariado, segundo a Efe. A maioria de contagiados estava no pavilhão psiquiátrico, uma unidade fechada, com visitas controladas.

A expansão da doença provocou também a suspensão do campeonato nacional de futebol, conforme anunciou a K-League em um comunicado nesta segunda-feira. O torneio, com 12 times, deveria ter começado neste fim de semana.

Vários países proibiram ou restringiram a entrada de viajantes procedentes da Coreia do Sul. Israel foi o primeiro a impor uma proibição total, seguido por Jordânia e Bahrein. Outros Governos, como os do Reino Unido e Singapura, intensificaram os controles sobre passageiros procedentes da Coreia do Sul, recomendando restringir as viagens para lá.


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