Mudanças climáticas aumentam incidência de rinite
Horas chove, horas faz sol; a umidade aumenta, mas o calor continua. Está criado o ambiente perfeito para desencadear a rinite. Não à toa os consultórios estão lotados de pacientes com os mesmo sintomas: espirros repetidos, coceira no nariz, obstrução nasal e coriza, entre outros. Na Clínica Pedro Cavalcanti, especializada e com tradição em otorrinolaringologia, por exemplo, o número de pacientes com rinite saltou cerca de 40% no último mês e passou a responder por 80% de todos os atendimentos da unidade em questão.
A médica otorrinolaringologista Iamma Radace explica que a rinite é um problema que acomete cerca 15% da população mundial, principalmente crianças, mas lembra que há tratamento e formas de prevenção. É preciso, contudo, ter o diagnóstico correto.
“O que desencadeia o problema é o contato com alérgenos ou agentes reativos, associados à instabilidade do sistema imunológico. A prevenção consiste basicamente no controle do ambiente, sobretudo o domiciliar que é passível de maior cuidado, além de ações de higiene pessoal rotineiras, entre as quais se inclui lavagem nasal”, detalha.
Já os tratamentos, destaca a médica, são de controle e dependem da qualidade e grau da rinite, e devem ser acordadas individualmente com o paciente. Há também a vacina que ajuda a dessensibilizar o paciente em relação ao alérgeno. E quando, mesmo fazendo o tratamento direitinho, ainda há a obstrução nasal por hipertrofia dos cornetos é recomendado fazer a cirurgia.
Foi o que fez o técnico em mecânica, Fabiano Bertuci Firmino. O fluminense de 32 anos convive com a rinite desde a infância, e já se fez todos os tipos de tratamento. Somente agora, após a cirurgia, é que sente que está respirando bem.
“Eu não sabia o que era respirar bem. Hoje, sendo um dia chuvoso, meu nariz estaria completamente entupido. Me sinto muito melhor, porque aprendi a respirar. Eu não tinha referência, fui crescendo respirando com dificuldade e assim me acostumei”, relata.
E o problema, que sempre piorava em período de mudanças climáticas, interferia diretamente na qualidade de vida dele. “Sempre que eu dormia poucas horas, era certo de manhã eu acordar com dor de cabeça. O mesmo acontecia quando eu fazia atividade física, porque o exercício exigia muito do corpo, mas a respiração não acompanhava. Jogando futebol ou malhando, tinha horas que parecia que minha cabeça ia explodir”.
Diagnóstico correto é essencial
A rinite é muito comum neste período porque a mudança brusca de temperatura e umidade favorecem a proliferação de microrganismos que a desencadeiam. O mofo é um dos vilões desta estação. Dra. Iamma chama atenção para a importância de procurar um especialista logo que surgirem os sintomas.
As pessoas costumam confundir rinite com outros problemas de forte incidência nesta estação, como a sinusite, por exemplo, e acabam muitas vezes fazendo por conta própria um tratamento que não é o adequado para o caso.
“Estas doenças acometem locais diferentes, possuindo assim sintomas diferentes e tratamentos, algumas vezes, drasticamente diferentes. É necessária sempre a avaliação médica. É importante não banalizar a doença, como se costuma.”, afirma ela.
A médica explica ainda que há casos em que o incomodo no nariz, a coriza e a obstrução nasal persistentes, são causados por alergia alimentar, como a leite ou outros alimentos, de maneira indireta, comprovando mais uma vez a importância do acompanhamento médico da rinite. “A doença deve ser investigada quando não está claro o quadro de alergia respiratória”, detalha.