A inclusão dos gestores hospitalares no mercado de trabalho do Rio Grande do Norte foi discutida na tarde desta quinta-feira (10), em audiência pública na Assembleia Legislativa. Por iniciativa da deputada Cristiane Dantas (PPL), representantes do Poder Público, estudantes, profissionais e representantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) discutiram a importância da profissão e necessidade de abertura de espaços no mercado potiguar.
Cristiane Dantas elencou alguns dos principais problemas na área de Saúde Pública no estado, principalmente relacionados à falta de uma gestão adequada das unidades médicas, sejam de ordem operacional de pessoal, ou na própria manutenção da estrutura para a realização dos serviços. Para a deputada, uma gestão realizada por profissionais capacitados nessa área seria capaz de contribuir decisivamente na melhoria dos serviços ofertados à população.
"É necessário dizer e esclarecer aqui que, além da escassez de recursos por causa da crise financeira do Estado, as dificuldades enfrentadas pelos hospitais e unidades públicas de saúde também têm natureza administrativa. Sabemos da dedicação dos gestores, muitos deles médicos indicados para o cargo, e que ainda acumulam os atendimentos dos pacientes, mas que não foram em sua formação capacitados para gerir um hospital. Administração é uma área bem distinta da medicina, com peculiaridades que exigem uma ampla preparação, principalmente no que diz respeito às leis que regem a administração pública e licitações", argumentou a parlamentar.
A habilitação em gestão hospitalar, ou administração hospitalar, envolve o gerenciamento global de sistemas da saúde, envolvendo os processos, pessoas, materiais e equipamentos. A função pode incluir também o planejamento e controle de compras e custos, a supervisão de contratos e convênios, o diagnóstico e solução de problemas técnico-administrativos e o desenvolvimento, inovação e aplicação de processos nessas unidades. Um gestor formado na área pode atuar em hospitais, clínicas, centros de saúde, ambulatórios, laboratórios e consultórios nas áreas públicas e privadas. No entanto, ainda não há a disponibilidade de vagas nos concursos públicos na área de Saúde.
Formada em gestão hospitalar e representando estudantes na audiência pública, Aíze Bezerra criticou a falta de espaços nos concursos públicos para os gestores hospitalares. No entendimento dela, as atribuições dos gestores hospitalares são fundamentais e é preciso que, além do conhecimento da população sobre a importância dos profissionais, o Poder Público também deve abrir as portas para que os profissionais desempenhem seu trabalho.
"Estamos tornando pública essa questão e esperamos que nos próximos concursos haja as vagas para profissionais da nossa área, para que possamos contribuir também com a sociedade", disse Aize Bezerra.
Os gestores públicos também enalteceram a importância dos profissionais. O secretário de Saúde Pública do estado, Pedro Cavalcanti, e a secretária-adjunta de Gestão de Pessoas da Secretaria de Saúde de Natal, Isabele Concentino, falaram sobre as dificuldades do Poder Público em fazer as contratações em diversas áreas devido ao limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Segundo Cavalcanti, é preciso que se invista na capacitação constante dos servidores públicos. Apesar de admitir a importância dos profissionais da gestão hospitalar, ele acredita que os funcionários que já estão na administração devem buscar o conhecimento constante para desempenhar cada vez melhor suas funções, enquanto não é possível se fazer contratações na quantidade necessária para o estado.
"Tem que se observar e lapidar o diamante dentro de cada um. Precisamos da capacitação constante em todos os níveis, melhorando os resultados. É necessário aperfeiçoamento e experiência", disse Cavalcanti.
A representante do município também acredita que é necessário se abrir oportunidades para os gestores hospitalares de formação. Isabele Concentino disse que, devido aos limites financeiros, o atual concurso da Saúde só pôde destinar vagas às atividades fins, mas que concorda com a necessidade de postos de trabalho aos gestores.
"É preciso que tenhamos pessoas que compreendam a gestão de uma unidade de saúde como um todo. Infelizmente, nesse momento ainda não pudemos fazer o concurso para essas pessoas, mas vamos sabemos que são de extrema importância", justificou Isabele Concentino.
Durante o encontro, profissionais que atuam na área e representantes da UFRN explicaram a grade curricular e o funcionamento do curso, que tem conceito máximo e está entre os melhores do país. A própria Cristiane Dantas disse que a profundidade da graduação tecnológica surpreendeu todos os que ainda não conheciam a fundo o papel de um gestor hospitalar por formação.
"É preciso profissionalizar cada vez mais a administração das unidades de saúde do Rio Grande do Norte, desde os hospitais mantidos pelo Estado assim como os postos de atendimento básico nos municípios, isso sem falar nos hospitais privados. Digo isso porque a razão de tudo é o pleno e digno atendimento dos pacientes que procuram essas unidades em busca da restauração da saúde. É a vida das pessoas, muitas delas carentes de tantos outros direitos, que está em jogo", concluiu a deputada, garantindo que seguirá apoiando a valorização da profissão e ampliação do espaço no mercado de trabalho aos profissionais da área.