A Assembleia Legislativa promoveu, na tarde desta terça-feira (15), uma discussão sobre a importância da atuações dos terapeutas ocupacionais em unidades de saúde no Rio Grande do Norte, assim como a necessidade de valorização dos profissionais da área. Proposta pelo deputado Hermano Morais (PMDB), o encontro mostrou números sobre a profissão no estado e propôs ações para ampliar a possibilidade de formação de novos profissionais e absorção pelo mercado de trabalho.
A terapia ocupacional é uma profissão da área da saúde que promove prevenção, tratamento e reabilitação de pessoas com alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psico-motoras, que podem ser decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos ou de doenças adquiridas. A atividade de um terapeuta ocupacional é voltada para a pessoa e seu grupo social, com objetivo de ampliar o campo de ação, desempenho, autonomia e participação, considerando recursos e necessidades de acordo com o momento e lugar, estimulando condições de bem-estar e autonomia. Por meio do fazer afetivo, relacional, material e produtivo o profissional contribui com os processos de produção de vida e saúde.
Apesar da importância da atuação dos profissionais, o espaço ocupado pelos terapeutas ocupacionais nas unidades de Saúde do Rio Grande do Norte é pequeno, assim como também ocorre a formação de poucos profissionais no estado. Para Hermano Morais, é preciso que esse cenário seja alterado.
"Sabemos da importância da profissão, mas ainda vemos poucos hospitais com terapeutas ocupacionais em número suficiente em seus quadros. Além disso, é importante que se formem mais profissionais da área, o que só será possível com a abertura de novos cursos", disse o deputado Hermano Morais.
Com diversos representantes da categoria no auditório da Assembleia Legislativa, os profissionais falaram sobre o momento atual da profissão no estado. Segundo o presidente da Associação dos Terapeutas Ocupacionais do Rio Grande do Norte (Atorn), Igor Daniel, nenhum hospital no estado, seja na esfera municipal, estadual ou federal, tem número adequado de profissionais da área nas escalas de trabalho.
De acordo com a Atorn, o hospital João Machado, em Natal, conta com somente um terapeuta ocupacional, enquanto há mais de 350 leitos na unidade. Já no Hospital Universitário Onofre Lopes, onde mais de 25 mil atendimentos são realizados mensalmente, também há somente um terapeuta ocupacional atuando.
"É um hospital onde temos grande número de pacientes que chegam com acidentes vasculares cerebrais. Não está se preocupando com o paciente após a operação. Infelizmente, não há como o terapeuta ocupacional desenvolver seu trabalho nessa situação", criticou o representante da categoria.
Se por um lado há a falta de espaços para os profissionais atuarem, também há a queixa quanto à falta de um curso na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) voltado para formar profissionais da área. O diretor da Faculdade de Ciências da Saúde do trairi (Facisa/UFRN), Edvaldo de Carvalho Filho, concordou com a necessidade de se implantar o curso e disse que, inclusive, já há o projeto para implantação da graduação na universidade. No entanto, de acordo com ele, ainda restam trâmites burocráticos junto ao Ministério da Educação (MEC), que devem ser alvos da atuação dos parlamentares federais potiguares para que a implantação tenha andamento.
"Sabemos do trabalho do deputado Hermano Morais em contribuir com o tema, mas queremos também que os deputados federais e senadores, que têm trânsito em Brasília. É um curso extremamente importante para o estado e precisamos clamar aos nossos representantes para que atentem para a importância de implantação do curso na UFRN", disse Edvaldo de Carvalho Filho.
Ao fim da reunião, quando diversos profissionais apresentaram dados que mostraram a necessidade de valorização da profissão, os representantes da audiência concordaram em buscar encontros com prefeituras, Estado e com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) para discutir a possibilidade de ampliação das vagas aos terapeutas ocupacionais. Além disso, também buscarão a implantação de novo curso em Natal.
"É uma atividade extremamente importante e podem contar com nosso apoio para a valorização dos profissionais terapeutas ocupacionais no Rio Grande do Norte", disse Hermano.