Artigo: Minha história com Extremoz - João Marcelo Pinto Dantas


Por João Marcelo Pinto Dantas - 

Apesar de ter nascido em Natal, “xaria”, como meu avô materno sempre me falava, tenho Extremoz, mais especificamente o distrito de Estivas, na minha vida desde a minha infância, boa parte dela passada na granja do meu avô paterno ou indo ao distrito de Capim, visitar outros parentes. Minha lembrança inicial era do centro da cidade de Extremoz, um local bucólico, longe de qualquer civilização, banhado por uma lagoa imensa com uma estação de trem que dava ares de solidão na paisagem. Entretanto, com a construção e posterior inauguração do conjunto “Estrela do Mar”, a pacata cidade ganhou um traçado que começou a lembrar uma urbe e não mais uma vila. Vale salientar que sempre passei no centro de passagem, pois meu rincão sempre foi Estivas, que, até a inauguração do conjunto, era maior e comandava politicamente o município, visto que antes de sua emancipação, nos anos 60, as urnas de Estivas eram capazes de eleger um vereador em Ceará-Mirim.
Falando sobre Extremoz, não poderia esquecer os momentos da infância, passeando pela plantação de bananas da granja do meu avô que acabava no Rio Ceará-Mirim, onde me falavam e eu acreditava que havia jacarés à espreita, mas que, depois de alguns anos, o medo passou e eu já mergulhava. Outra forte lembrança era dos jogos de futebol com os colegas da vizinhança, formávamos times e jogávamos em frente à casa da granja, eram partidas curtas, mas memoráveis para uma criança; sem falar das noites de São João com a fogueira acesa e jogando bombinhas. Ali sim era um São João de verdade! E, por fim, as visitas que meu avô fazia aos amigos, eu tinha a impressão que ele conhecia todos na cidade e distritos, pois onde íamos ele tinha amigos, eram várias visitas regadas a muito café e boas histórias de um tempo e de uma cidade que não existem mais. Lembro-me, ainda, dos inúmeros sacos de grude que ele comprava no caminho: se tivesse dez vendedores, ele comprava dez sacos para não desagradar ninguém!
Aconteceu, então, a pior campanha política de 1988, na qual meu avô se candidatou a vereador confiando na administração que fez no passado, enquanto Prefeito Municipal. Apesar de seus 80 anos, ele entra de cabeça na campanha apoiando para prefeito o candidato Pedrinho. Contudo, 14 dias antes do pleito, um acidente de carro tira a vida do candidato e, muito emocionado com a situação, que se agravou pela sua derrota no pleito, veio o AVC e, posteriormente, seu falecimento no dia 26 de dezembro de 1988, com um velório concorrido nas capelas de Estivas e Vila de São Sebastião. Terminou ali a primeira parte da minha história com a cidade, que está sendo resgatada agora depois de anos morando em Pernambuco.
Hoje, Extremoz mudou muito, o centro da cidade superou os distritos e muita gente de fora veio morar naquela que vem se transformando em uma cidade grande. Ainda é dividida em muitos distritos, mas, atualmente, a cidade das ruínas e do grude, posso assim falar, é uma das cidades que mais cresce no estado. Minha Extremoz, minha Guajiru, minha cidade floriu, és a joia do Rio Grande do Norte!

João Marcelo Pinto Dantas