Consumo de álcool pode aumentar o risco de demência


Consumir álcool em excesso pode causar danos no fígado, cérebro e coração e gera problemas para a saúde em geral. Por isso, médicos britânicos aconselham que não seja consumido mais do que dez latas de cerveja, ou sete taças de vinho, por semana. Além disso, as pesquisas apontam que beber em excesso também aumenta o risco de desenvolvimento de demência.
Um novo estudo, publicado na Lancet Public Health, feito na França com mais de 1 milhão de pessoas mostrou que ser hospitalizado com alcoolismo ou problemas de saúde devido ao consumo excessivo do álcool é um forte fator para a progressão da demência, inclusive para o surgimento dos sintomas precocemente, ou seja, antes dos 65 anos. O risco de surgimento de demência nesse grupo era três vezes superior a qualquer outro.
No entanto, é complicado descobrir se o consumo de álcool é um fator direto ou apenas um dos motivos que aumentam o risco, já que pessoas que bebem têm maior tendência a ter depressão, fumar ou levar vidas pouco saudáveis – fatores que também aumentam o risco da demência.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a demência é uma síndrome – um conjunto de sintomas com diferentes causas. A demência causa a perda de memória e de funções cognitivas, com impactos sendo estendidos também para os campos psicológicos e sociais.
As pessoas analisadas pelos pesquisadores tinham problemas ligados ao álcool, o que significa que o consumo excessivo de bebida estava causando problemas de saúde, como o aumento do risco de pressão alta, AVC ou insuficiência cardíaca.
Por outro lado, diferentes pesquisas sugerem que beber moderadamente por dia, principalmente uma pequena taça de vinho, pode trazer benefícios ao cérebro. Porém, não é uma indicação médica, visto que outros estudos mostraram que, mesmo sendo ingerido com moderação, o álcool também pode aumentar o risco de demência.
Mesmo assim, as autoridades de saúde do Reino Unido explicam que existem grandes diferenças entre o consumo baixo, moderado e excessivo de álcool. De acordo com os médicos, não é indicado beber mais do que o equivalente a dez latas de cerveja por semana. Dessa forma, os riscos à saúde são mantidos dentro de um nível seguro.

Opinião de especialistas
Segundo os pesquisadores, é importante reconhecer que a dependência do álcool aumenta o risco de demência. Para Tara Spires-Jones, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, “está muito claro que o abuso no consumo de álcool é ruim para o cérebro”. No entanto,  os especialistas concordam que são necessárias novas pesquisas para entender a relação entre o volume consumido, a frequência de consumo e os malefícios gerados.
A maioria dos casos do Alzheimer, que é a causa mais importante da demência, ocorre após os 65 anos, aumentando ainda mais com o envelhecimento. Doug Brown, pesquisador da Sociedade do Alzheimer, também associa o consumo de álcool à doença, afirmando que o “abuso no consumo de álcool pode ser responsável por mais casos de demência precoce do que se pensava anteriormente”.
Porém, no recente estudo o pesquisador não muda as recomendações atuais, não sugerindo que o consumo moderado de álcool também possa auxiliar no surgimento precoce da demência. Porém, a doutora Sara Imarisio, líder de um centro de pesquisas sobre Alzheimer no Reino Unido, alerta que “as pessoas não deveriam ficar com a impressão que apenas beber ao ponto de precisar ser hospitalizado apresenta um risco”.
Para a doutora, existe uma série de recomendações que podem ser seguidas para melhorar a saúde cerebral. “Embora não haja nenhuma maneira segura de prevenir completamente a demência, as melhores evidências atualmente recomendam, além de beber com moderação, permanecer fisica e mentalmente ativo, ter uma dieta saudável e equilibrada, não fumar e manter o peso e controlar o colesterol e a pressão sanguínea”, finalizou Imarisio.