Estudo aponta que 22% dos brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza


O Banco Mundial adotou neste mês uma nova métrica para delimitar a quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza em cada país. Com o novo critério aplicado, a quantidade de brasileiros considerados pobres passou de 8,9 milhões para 45,5 milhões, o equivalente a 22% da população.

A instituição decidiu usar um critério de medição em que levasse em conta a renda média e o nível de desenvolvimento de cada país na hora de traçar a linha de pobreza. Dessa forma, o Banco Mundial agora traça uma linha de consumo diário inferior a US$ 3,20, representando uma mediana de países de renda média baixa, e outra de US$ 5,50, correspondendo à mediana de países de renda média alta – entre os quais se inclui o Brasil.

Anteriormente, a medição da pobreza era feita com uma linha de consumo diário inferior a US$ 1,90. Entretanto, a entidade considerou que esse padrão não captura a real pobreza de alguns países. “Muita pouca gente vive com US$ 1,90 por dia no Brasil, graças a Deus. Mas quem vive com US$ 2 ainda é pobre para os padrões brasileiros e para os padrões dos países de renda média alta”, explicou Francisco Ferreira, economista do Banco Mundial.

Com o novo padrão, Ferreira espera ter linhas para comparações internacionais mais apropriadas aos contextos dos países de diferentes níveis de desenvolvimento. “Ser pobre no Maláui ou em Madagascar é diferente de ser pobre no Chile, no Brasil ou na Polônia”, disse o economista.

Segundo dados do Banco Mundial, o número de pobres no Brasil vinha diminuindo na última década, mas voltou a crescer em 2015. Pelo padrão de US$ 1,90 por dia, a fatia da pobreza no país subiu de 3,7% em 2014 para 4,3% no ano seguinte. Já no padrão de US$ 5,50, o aumento foi de 20,4% em 2014 para 22,1% em 2015.

Em uma tabela exposta em uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o Brasil tem índices de pobreza menores que países como a Bolívia (22,7% da população está abaixo da linha da pobreza), México (38,8%) e Togo (90%).

A professora da UFRJ Celia Kerstenetzky achou a mudança positiva. Para ela, a pobreza era subestimada quando a métrica era o consumo de 1,90 dólar ao dia.

Apesar de adotar novo padrão de medição, o Banco Mundial continuará usando a escala de US$ 1,90 para cumprir a meta de erradicação da pobreza extrema no mundo em 2030.