Principais praças da capital do Rio Grande do Norte estão sujas e abandonadas

Foto: José Aldenir/agorarn.com.br - 

Há algumas semanas, o Agora Jornal visitou as principais praças do Centro Histórico de Natal para retratar a realidade infeliz pela qual passa esses pontos de lazer. Desta vez, a reportagem foi além e explorou mais bairros da capital potiguar em busca de praças que estivessem em situação de depredação e descaso, tanto de parte da prefeitura municipal quanto da própria população. As praças Almirante Tamandaré, no Alecrim; Santa Cruz da Bica, em Cidade Alta, Praça Cívica, em Petrópolis; Praça das Mães, no Centro; e a Praça Gentil Ferreira, também no Alecrim, foram escolhidas e, após a visitação, a constatação é de que o nível de descuido não está inferior às praças históricas.
Em Petrópolis, a Praça Cívica, também conhecida como Praça Pedro Velho, possui, talvez, o mais curioso dos vandalismos registrados até agora: o busto de Joaquim Marques de Lisboa, conhecido como Almirante Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil, foi pichado de preto no local onde ficam suas sobrancelhas e abaixo de seu nariz, neste ponto formando o que lembra o curto bigode do ditador austríaco Adolf Hitler. No pilar onde fica o busto, mais pichações e um adesivo convidando a população a se unir para pedir o já costumeiro “Fora Temer”. O desrespeito pelo patrimônio público não para por aí; a estátua central, em homenagem ao primeiro governador do Rio Grande do Norte no Brasil República que dá nome à praça, também não escapou das depreciações.
(Foto: José Aldenir / Agora Imagens)
Fora as depredações públicas, a praça também apresenta sinais de descaso da prefeitura de Natal e de sua secretaria de Serviços Urbanos (Semsur) – calçadas quebradas, lixo espalhado, bancos descascados e carentes de pintura nova, muretas pichadas e postes de iluminação precários que, inclusive, estão bastante enferrujados, são apenas alguns dos visuais que os transeuntes veem ao passar pela praça em Petrópolis. O cenário mais triste, contudo, certamente é o da fonte que fica em seu centro; certa vez transbordante de água para refrescar a população, hoje se encontra completamente seca, suja de lixo e servindo de ninho para a vegetação.
O marginalizado busto do Almirante Tamandaré pertencia, na verdade, à praça que possui o nome do patrono da Marinha, e que se localiza perto do Baldo, em Barro Vermelho. A Marinha do Brasil no Rio Grande do Norte (Comando do 3º Distrito Naval) requisitou à prefeitura de Natal que retirasse o busto da praça Almirante Tamandaré (e sua âncora) e realocá-los na Praça Pedro Velho. De acordo com o Comando, o pedido foi feito pela exposição e importância que a Praça Pedro Velho oferece. Em comparação, a Praça Almirante Tamandaré, de fato, possui um tamanho menor e está muito mais esquecida pela cidade. Lá, é possível perceber que a vegetação cresceu a ponto de incomodar qualquer um que ouse descansar, sentando-se nas baixas muretas. A quantidade de lixo não é pouca.
A Praça Gentil Ferreira, em homenagem ao prefeito que cuidou de Natal entre a década de 1930 e 1940, também não é exemplo de bons tratos. O piso está quebrado em diversas partes da extensão do lugar, bem como alguns dos bancos de pedra – um, inclusive, tem metade de seu comprimento vertical destruído. Antes dos vendedores de salada de frutas e salgadinhos que estacionam seus carrinhos na pracinha, as pessoas sobem uma escadaria, passando por paredes cujos cal e tinta foram destroçados pela ação do tempo. Há ainda, um “quarto” subterrâneo onde se deveria guardar os materiais da limpeza, mas, em vista das paredes rachadas e quebradas, observa-se que a limpeza não é constante por ali. A situação piora quando se descobre que há uma base comunitária da Guarda Municipal de Natal localizada na própria praça. O posto, contudo, está abandonado há mais de ano; a única presença no local é da fila grossa de sacos, caixas de papelão e lixos em geral.
A reportagem do Agora Jornal visitou, ainda, a Praça das Mães, no Centro, onde o mato cresce descontroladamente e, a exemplo de suas primas, possui bancos quebrados. O abandono lá se torna evidente ao se flagrar a vegetação engolfando os banquinhos onde o público deveria se sentar. O lugar ainda apresenta um parquinho para a criançada ao lado de um orelhão pichado, mas, em virtude da alta vegetação, encontra-se abandonado.
Na Santa Cruz da Bica, há uma praça de cunho religioso, característica manifestada não apenas pela cruz posta em seu centro, mas também pelo suporte de ferro onde os fiéis inserem suas velas para rezar para os santos, já muito enferrujado pela umidade e suja pelos resquícios da cera e fósforos. Cercada por mato e prédios pichados, a Santa Cruz da Bica é mais uma das praças que está a esmo quando se fala dos cuidados da população e do Executivo municipal.
Responsabilidade
Na época em que a reportagem avaliou a situação das praças do Centro Histórico de Natal, a Semsur, então comandada por Jerônimo Melo, explicou que não havia orçamento para reformar as praças da capital, apenas para preservá-las como estão, graças à atuação de mutirões. O Governo do Estado, por sua vez, tomou a frente e iniciou um projeto para reestruturar e recuperar as principais praças de Cidade Alta, a começar pela Praça do Estudante, que servia de estacionamento para a antiga Secretaria Municipal de Tributação.
No final da última semana, a Secretaria de Infraestrutura do Rio Grande do Norte iniciou os preparativos para reformar esta que será a primeira de 13 praças a serem restauradas pelo Governo do Estado. O local se encontra cercado com painéis de madeira e os trabalhos já começaram, no que se espera que seja a primeira de muitas outras recuperações do patrimônio público natalense.