Pesquisa mostra que brasileiro mudou seus hábitos de consumo


Dois anos e meio de recessão econômica mudaram os hábitos de compra do brasileiro. Pesquisa de painel de consumo da consultoria Nielsen – apresentada esta semana na 33ª edição da Associação Paulista de Supermercados (Apas Show) – mostra que boa parte dos consumidores (42%) trocou as marcas mais caras pelas mais baratas nos segmentos de alimentação, higiene e limpeza.
Os dados foram levantados em visitas quinzenais a 8,2 mil lares brasileiros. A medida foi apontada pelos pesquisados como uma saída natural para adequar o padrão de consumo à crise econômica em que o país mergulhou – sem ainda emergir. Responsável pela área de varejo da consultoria, Daniela Toledo diagnostica: “a fatia de domicílios que trocou de marca mais que dobrou em dois anos”.
Nos primeiros dias de 2014 – infladas pela febre consumista estimulada até mesmo pelo Governo Federal – as famílias gastavam mais do que tinham, mergulhando em dívidas. Mas o comportamento mudou em boa parte dos lares ainda naquele ano: quando a economia nacional começou a dar os primeiros sinais de mau desempenho, 20% dos consumidores já haviam optado por marcas mais baratas em detrimento das marcas líderes ou mais caras.

Supermercados sentiram na pele a retração de consumo
O ano de 2016 marcou um padrão de comportamento característico para 22% dos brasileiros: somente eles mantiveram o consumo de suas marcas preferidas, mas, ainda assim, reduziram o consumo. Houve redução de 5% dos artigos de vestuário e queda de 7% nos segmentos de lazer e alimentação fora de casa. Neste mesmo ano, verificou-se que a classe média passou a equilibrar melhor seu orçamento, mantendo o gasto (-16%) abaixo da renda familiar (-12%).
A classe C, que deu impulso ao consumo nos últimos anos – e a que mais cresceu em dez anos – perdeu o fôlego, reduzindo sua capacidade de compra em 1,2%. As classes D e E também fizeram seus ajustes e diminuíram em 0,8% o consumo de alimentos e produtos. Apertaram o cinto.
Na média, a renda da família brasileira voltou ao patamar de há cinco anos e o gasto caiu mais que a inflação. Em tempos bicudos, segundo revela o estudo, o consumidor brasileiro se tornou mais cauteloso. É claro que os supermercados sentiram o golpe: o primeiro trimestre de 2017 aponta uma queda de receita de 1,5%. O setor, no entanto, está otimista e aposta no crescimento de receita real de 1,5% até o fim deste ano.
A pesquisa Nielsen mostrou que somente as classes A e B continuaram gastando do mesmo jeito. Ou seja, mais do que ganham.