Raniere Barbosa: “Tenho gratidão ao prefeito, mas não posso ter submissão a ele”


Após disputar a presidência da Câmara Municipal do Natal (CMN) sem o apoio do atual prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, o vereador Raniere Barbosa (PDT) começou na última quarta-feira (15) o desafio de comandar a CMN. Mesmo negando qualquer tipo de rancor ou mágoa por não contar com o apoio do colega partidário, o novo líder do legislativo municipal declarou que pretende manter o foco nos interesses da população. “Ser um aliado não pode se tornar um submisso. É aquilo que eu digo, eu tenho gratidão ao prefeito, mas eu não posso ter submissão a ele”, ressaltou.
Em entrevista ao Agora Jornal o vereador e presidente da Federação das Câmaras Municipais detalhou as metas planejadas para sua gestão na CMN e também os desafios do legislativo nos municípios potiguares. Barbosa também minimizou a possibilidade de candidatura em 2018.
Confira sua entrevista.
Passados 45 dias de sua posse como presidente, qual o balanço até agora?
Bastante positivo e muito otimista para o exercício desta nova legislatura. A exemplo até na convocação extraordinária fizemos um trabalho em que a Câmara está pensando em poder renová-la em todos os aspectos. Primeiro na modernidade, na eficiência e transparência esses serão os três eixos que vão pautar a nossa legislatura, ampliando todos os serviços que nós temos no legislativo, gerando uma boa produtividade legislativa, ampliando as câmaras técnicas permanentes, ampliando o horário de funcionamento de 8 às 18h de segunda a sexta-feira, colocar a Câmara itinerante nos bairros, que é o projeto Câmara nos bairros, a Câmara cidadã, Câmara cultural, Câmara esportiva, câmara verde. São várias frentes que a Câmara estará trabalhando, na Câmara verde pelo meio ambiente, na cultural a valorização da cultura, o Procon do Legislativo. Teremos também a ouvidoria do legislativo, a procuradoria comunitária com a mediação comunitária. São inúmeros serviços que dentro de 60 dias todos estarão em plena atividade. Estamos neste momento agora de estruturação, na fase burocrática, na fase de licitar equipamento, contratos, otimizar o custo, fazemos uma reforma administrativa para diminuir e inclusive otimizar a parte de folha de pagamento, tem muito a se fazer. Então, eu digo a população natalense que sinta-se confiante por que ela terá uma grande Câmara que vai poder representar a população e a população se sentir representada.
Qual a situação administrativa da Câmara?
Primeiro teve uma queda de receitas no duodécimo na ordem de mais de dois milhões de reais, isso já dificulta muito e sem demérito nenhum dos outros meus antecessores que não deixaram dívidas, mas tivemos problemas de estimativa de orçamentos que prejudica muito o andamento da funcionalidade da CMN. Mas isso é uma questão de ajuste que iremos trazer neste biênio que com certeza o nosso sucessor vai pegar uma casa muito organizada, eficiente, moderna e transparente.
O prefeito trabalhou contra sua candidatura a presidente. O senhor vai se manter aliado mesmo assim?
Isso é uma etapa superada. Eu acredito que a política é uma política moderna. Eu tenho que pensar que no interesse público, no interesse republicano e que são poderes distintos. Isso está muito claro, ser um aliado não pode se tornar um submisso. É aquilo que eu digo, eu tenho gratidão ao prefeito, mas eu não posso ter submissão. Acredito que a fragilidade dos poderes, do poder legislativo se torne uma extensão do poder executivo, temos que ser aliados de uma forma respeitosa, de uma forma harmoniosa, cada um dentro de perspectivas de planejamento e trabalho em poderes distintos e poderes independentes. Isso faz o fortalecimento e o crescimento da cidade, ao desenvolvimento da cidade e é isso que eu vou buscar, ter esse comportamento respeitoso e harmonioso e independente.
Então será mantida a aliança administrativa com o poder executivo?
Harmonia no que for interesse da cidade, interesse público, interesse republicano, que estaremos aqui para contribuir. A população tá cansada, não aguenta uma política partidária, uma política de varejo, uma política mesquinha. A sociedade vai nos cobrar resultados, inclusive de melhorias para a população com sua qualidade de vida e das ações no sentido dos serviços públicos se tornarem eficientes. A Câmara tem essa responsabilidade de fiscalizar, é uma das prerrogativas do poder executivo e de poder contribuir para essas melhorias, na hora que tiver fragilizada ela não pode cobrar melhorias dos serviços públicos. Nós vamos buscar essas melhorias, mas sempre na forma harmoniosa, com a sintonia de maturidade e de responsabilidade e independência. Acho que isso é muito salutar, os políticos precisam ter essa maturidade. A questão política partidária é no foco eleitoral, não é o momento. Esse é momento de trabalharmos para a cidade, cada um respeitando as ideologias de cada um.
E quanto à Fecam Que tem em vista?
Na verdade eu fico muito feliz de Câmara de Macaíba, São Gonçalo, Parnamirim, Canguaretama, Assú essas Câmaras todas retornaram por creditar uma confiança em nossa gestão e fazer uma política de região, já estamos criando os polos regionais para buscar o fortalecimento institucional das Câmaras, parcerias com o Tribunal de Contas do Estado através da Escola de Contas, com a Caixa Econômica Federal para qualificar, capacitar assessores e servidores e os próprios vereadores, equipar as Câmaras Municipais e o resultado destas ações vão melhorar os serviços das Câmaras para a população desses municípios. Então; vejo uma grande missão e um grande desafio com o Presidente da Federação das Câmaras Municipais. Estou satisfeito com a receptividade que estou tendo com às Câmaras do interior e ouvindo o quanto eles faltam a atenção, falta essa interação. Outra meta nossa é a valorização dos vereadores, por que o vereador ele é hoje o político mais exposto da população, ele é o ouvinte da população, ele é o porta-voz da população, ele é o olhar da população e ele tem que ser valorizado pela população por seu trabalho, pela conquista e pela a confiança que o mesmo conquista, para isso ele tem que ter qualidade e capacidade e nós somos um contingente de 1687 vereadores que tem um representatividade de qualquer um outro mandatário, essa valorização que o vereador tem que ter.
O senhor é candidato em 2018?
Nós temos que ser muito verdadeiro. Falar em política agora eu estou atropelando todo o processo que temos que dar prioridade a gestão. O resultado da gestão poderá gerar consequências de uma acessão política, se for pensar politicamente eu estarei inibindo o nosso trabalho, é muito pequeno dos políticos estarem antecipando os processos eleitorais. Eu disse anteriormente os fóruns eleitorais deve ser vistos no período oportuno. Temos que trabalhar e o resultado do trabalho é que se possa avaliar uma acessão eleitoral, essa é a visão que tenho. Também tenho que ser verdadeiro, eu não posso aqui me omitir de dizer que não. Eu estaria sendo leviano, eu tenho que ser verdadeiro, se tiver possibilidade sim. Eu quero pensar no momento oportuno e correto. Hoje que quero dizer ao cidadão natalense que temos que trabalhar pelas Câmaras Municipais e pelos serviços públicos e suas melhorias. A questão política é uma consequência.
agorarn.com.br
Matéria originalmente publicada na Edição nº 5 do Agora Jornal