Audiência Pública decide pela interiorização do debate sobre Reforma da Previdência
Continuar a discussão do tema inclusive com a sua
interiorização. Esse foi o encaminhamento definido após a exposição de
parlamentares do Estado, da Bancada Federal do Rio Grande do Norte e
representantes sindicais e de entidades da classe trabalhadora na Audiência
Pública presidida pelo deputado estadual e propositor, Fernando Mineiro (PT). A
audiência foi realizada nesta segunda-feira (20) no auditório deputado Cortez
Pereira, na Assembleia Legislativa.
“Depois de ouvidos todos os participantes da Mesa dos
Trabalhos, chegamos à conclusão de que esse debate precisa ser interiorizado,
porque muita gente ainda não se deu conta dos impactos negativos para as
cidades caso a PEC de mudança na Previdência
seja aprovada”, afirmou o deputado Mineiro.
O parlamentar registrou que a audiência conseguiu reunir
o maior número de entidades representativas dos trabalhadores, com divergências
políticas, mas todas com o pensamento voltado para fazer com que a PEC não seja
aprovada.
“Vamos continuar a nossa luta. Esses trabalhadores
votaram em seus representantes. Agora eles vão cobrar o voto dos parlamentares
contra a aprovação dessa reforma pretendida pelo Governo”, salientou .
A PEC 287 que já
foi apreciada na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que em sessão do dia 15,
deste mês, por 31 votos a favor e 20 contra, aprovou o parecer do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS)
pela constitucionalidade da Proposta.
A Proposta de Emenda Constitucional eleva para 65 anos a idade mínima para homens
e mulheres requererem o benefício, aumenta o tempo mínimo de contribuição de 15
para 25 anos e, para que o trabalhador se aposente com o valor integral, exige
uma contribuição mínima obrigatória de 49 anos.
Para a senadora Fátima Bezerra (PT) o argumento do Governo para a retirada de direitos do trabalhador é a alegação do
rombo na previdência. Ela afirmou que esse é um discurso mentiroso.
“Esse discurso do Governo
é uma farsa, uma ficção. Se baseia em dados manipulados e quem está
dizendo isso não é a senadora do PT, ou os deputados de esquerda, são as
instituições de grande credibilidade no nosso País, são as instituições mais
respeitadas do ponto de vista do debate da previdência. E elas tem dito
claramente que não existe déficit da previdência. O que há é um superávit. E
eles dão dados concretos”, asseverou a Senadora Fátima.
A senadora registrou em sua participação na audiência que
entre 2005 e 2015 houve uma sobra de R$ 658 bilhões e que o Governo está
colocando dados inverídicos para a população brasileira.
“Se a previdência não tem rombo e déficit, para onde vai
esse dinheiro? É isso que o governo não diz. Ele não fala que essa sobra que há
entre receita e despesa, pra previdência e seguridade, é desviada para outras
coisas, como as desonerações. “Mas sobretudo, não fala que é destinado
exatamente para o pagamento da dívida pública”, reforçou Fátima Bezerra.
Já para a deputada
federal Zenaide Maia (PR), os trabalhadores estão apavorados. “E numa hora
dessa só existe um partido: o trabalhador brasileiro que na maioria das vezes não são tratados como seres humanos, são como
cifras”, afirmou.
Segundo frisou em sua exposição, ainda usam o dinheiro
dos trabalhadores para fazer propaganda contra eles. E questionou “por que
quando há uma crise quem paga é quem ganha
menos?
A parlamentar também chamou a atenção para a pressa na
aprovação da Proposta de Emenda Constitucional em uma só Casa. “Por isso se
aprovou numa grande velocidade a PEC 55
- que durante 20 anos não vai ter
investimentos no País, como vai melhor a expectativa de vida”, afirmou.
O deputado Souza (PHS) que era servidor do INSS antes de se
eleger deputado, disse que o dia mais feliz do trabalhador é quando chega o dia
de sua aposentadoria. “Imagine se essa reforma for aprovada. A gente que vive nos municípios sabe a
importância dos benefícios da previdência.
Se for aprovada eles vão ser excludentes. Todos os trabalhadores
terminarão sendo atingidos diretamente. Quanto maior o benefício, melhor para a
economia dos municípios”, ressaltou o deputado.
O deputado José Adécio (DEM), que participou do início
dos trabalhos, manifestou a sua posição favorável aos trabalhadores e contra a
aprovação da PEC .Quem também participou da audiência foi a deputada Larissa
Rosado (PSB).
Depois da audiência, no meio da tarde, os participantes
se deslocaram para a Praça 7 de setembro onde desde a manhã estava sendo
realizado um ato público contra a aprovação da PEC.