Facebook pode rastrear quem usou o filtro arco-íris na foto do perfil
A partir de sexta-feira, 26 milhões de pessoas mudaram a cor de suas fotos de perfil para apoiar a união homoafetiva nos EUA; no entanto, rede social agora consegue saber quem apoia ou não a causa e usar dado, por exemplo, para a venda de anúncios
Na última sexta-feira, a internet se uniu para celebrar a
legalização da união homoafetiva em todo o território norte-americano. O Facebook não perdeu tempo e lançou um
filtro com as cores do arco-íris para identificar usuários que apoiam a causa.
A novidade teve ampla adoção por usuários do mundo inteiro – segundo a empresa,
26 milhões de pessoas mudaram a cor de suas fotos de perfil. Juntas, elas
tiveram meio bilhão de curtidas e comentários.
O filtro foi desenvolvido por estagiários da rede social em
um hackathon interno e foi lançada para o público geral depois de ser
amplamente adotada por funcionários da própria rede social. Mas os objetivos e
os resultados da ação do Facebook vão além do engajamento dos usuários: agora,
a rede social sabe claramente quem apoia ou não o casamento gay.
E o que isso significa? Que o Facebook agora pode rastrear
quem são os usuários que apoiam a causa e adicionar essa informação ao banco de
dados que a rede social usa, por exemplo, para oferecer aos seus anunciantes a
possibilidade de vender anúncios focados em determinados públicos.
A discussão foi trazida à tona pela revista americana The
Atlantic, que entrou em contato com a rede social nos EUA e perguntou se a
ferramenta seria usada para gerar dados para algum experimento. Um porta-voz da
rede social negou que a ferramenta tenha o objetivo de testar alguma hipótese,
como fez em 2012, ao manipular o feed de notícias para identificar se usuários
ficavam mais felizes ou tristes ao serem expostos a determinados conteúdos.
Na época, a revelação de que o Facebook realizava
experimentos com os usuários gerou polêmica, já que os usuários não sabiam que
seus dados poderiam ser usados com esse objetivo. A empresa foi obrigada a
emitir um pedido de desculpas e atualizar seus termos de uso acrescentando a
informação de que os dados dos usuários podem vir a ser usados em pesquisas.
A revista destaca, no entanto, que mesmo não sendo um
experimento, o Facebook poderá usar a ferramenta para rastrear quem apoia o
casamento gay e adicionar essa informação ao seu banco de dados – o que em si
não é uma novidade, já que toda a atividade no Facebook é monitorada e gera
dados para a rede social. Porém, como não há nenhum alerta sobre isso fora dos
termos de serviço, a tendência é que os usuários se esqueçam desse detalhe e
utilizem a ferramenta sem pensar nas implicações.
Fonte: blogs.estadao.com.br