Uma realidade potiguar

Poe Paulo Correia

Jornalista



Um jornal local publicou matéria sobre os casos cada vez mais freqüentes de prostituição infantil na cidade de Marcelino Vieira, localizada na região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte. No texto, a informação que o município vive sem Lei e que os índices de violência contra crianças e jovens, por meio do abuso sexual, são altos.
O presidente do Conselho Tutelar da cidade, Adalberto da Silva Dias, disse que a situação é insustentável e chega a chocar a comunidade. Tudo começou com um grupo de dez meninas, com idade de até 14 anos, que são conhecidas na cidade por andarem nas ruas nas altas horas e serem encontradas embriagadas em mesas de bares. Uma situação que não difere muito de outros municípios potiguares, onde a juventude local está sendo dizimada pelo álcool em excesso e pela banalização do sexo. Tudo isso, aliado ao consumo de drogas como a maconha e o crack.
Não é difícil fazer uma viagem para o interior do estado e observar essa triste realidade. Os locais de prostituição não diferem muito um do outro. São postos de gasolina, botecos nas beiras de estradas, e casas de show que não respeitam nem o limite mínimo de entradas fixado em 18 anos. Cidades que muitas vezes possuem apenas quatro ou cinco pessoas nos conselhos tutelares, e que tem na força policial muito pouco amparo para cuidar desses casos. Some-se a isso, um nível de escolaridade e de emprego baixíssimos. O caldo da prostituição juvenil está feito.
Em 2009, um mapeamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostrou que existe um ponto de exploração sexual infantil a cada 26,7 quilômetros de rodovias no Brasil. Ao todo, foram identificados 1.819 pontos de vulnerabilidade, sendo que o Distrito Federal, São Paulo e o Rio Grande do Norte têm o maior número desses locais.
Até quando esses pontos de prostituição irão existir por aqui? Até quando as nossas meninas ficarão perambulando pelas ruas, vendendo seus corpos por trocados e doses de bebida alcoólica?