Mulher morre por alergia a esperma
Paula Pedro Martins
MNI-Médicos Na Internet
Uma estranha forma de alergia ao esperma humano conduziu à morte uma mulher romena de 25 anos. Cristina Dumitriu, enfermeira, sabia da sua reacção alérgica, masdescurou os avisos dos médicos que a aconselharam a usar protecção sempre que tivesse relações sexuais com o marido.
Cristina já tinha sido hospitalizada porque depois do acto sexual sofria de graves faltas de ar. Acabou por automedicar-se com injecções e não seguir as recomendações médicas. O resultado foi um choque anafilático, uma crise de alergia em que o doente tem uma sensibilidade extrema, levando o organismo a sucumbir.
Poucos estudos
A primeira vez que esta doença foi descrita pelos médicos data de 1993. Uma equipa liderada por L.Bernstein e colaboradores, alergologistas e professores assistentes da Universidade de Cincinnati, descreveram, uma alergia vaginal que certas mulheres teriam ao esperma do companheiro, a qual se devia a uma hipersensibilidade mediada por uma imunoglobulina E, localizada na vagina.
Os investigadores analisaram 1100 mulheres, as quais foram submetidas a um questionário e exames variados. Cerca de 12 por cento dessas mulheres informaram que após as relações sexuais tiveram espirros, comichões gerais, vómitos e diarreia e, algumas, chegaram mesmo a perder a consciência.
Diagnosticada a alergia ao sémen do companheiro, os investigadores aconselharam a fazer a dessensibilização com a proteína do sémen purificado, tendo-se obtido 100 por cento de sucesso.
O que é a anafilaxia
Tal como o sémen, este tipo de problemas é também provocado por picadas de insecto ou pólens, mas a alergia ao líquido seminal é considerada extremamente rara.
Apesar de rara, a anafilaxia é considerada a mais grave alérgica. Os sintomas normalmente aparecem em segundos ou minutos logo após a exposição ao alergeno - substância que causa a reacção alérgica. Em muitos casos, as reacções podem demorar a manifestar-se até por 12 horas.
A anafilaxia é uma reacção aguda, ou seja acomete todo o organismo, e é geralmente explosiva, caracterizada por prurido, erupção generalizada avermelhada, urticária, desconforto respiratório e colapso vascular. Ocasionalmente também podem estar presentes convulsões, vómitos, cólicas abdominais e incontinência dos esfíncteres anais e urinário.
Na anafilaxia, as células do sistema imunológico liberam uma grande quantidade de substâncias químicas, em particular a histamina. Como resultado, os vasos sanguíneos dilatam-se e começam a deixar escapar líquidos para os tecidos, produzindo inchaço .
Na anafilaxia encontra-se envolvido um anticorpo produzido pelo organismo denominado imunoglobulina do tipo E na sua forma alérgica. Como consequência deste processo vários órgãos podem ser acometidos durante uma reacção anafilática e dependendo da sua magnitude , e do órgão que for mais afectado , o quadro clínico poderá ser mais ou menos grave.