Os bairros periféricos de Natal concentram maior parte das mortes por covid-19 em 9 meses de pandemia. De acordo com o boletim epidemiológico municipal do dia 8 de dezembro, os 8 oito bairros com mais mortes na capital concentram 483 do total de 989 mortes. Ou seja: 48,83%.

Com exceção de Lagoa Nova, os outros 7 bairros ficam nas zonas com maior vulnerabilidade social da cidade, segundo dados da Prefeitura. Os bairros com maior número de mortes são: Potengi (88), Nossa Senhora da Apresentação (69), Pajuçara (62), Felipe Camarão (60), Alecrim (54), Lagoa Azul (54), Lagoa Nova (53) e Cidade da Esperança (43).

É exatamente nas duas zonas com mais mortes, Norte e Oeste, que os bairros têm infraestrutura urbana mais precárias, com mais pessoas em um mesmo imóvel e a renda mais baixa do chefe do domicílio, segundo o “Mapa da vulnerabilidade social do município de Natal/RN em nível de setor censitário”, publicado em no ano passado sob coordenação da doutora em saúde coletiva Isabelle Ribeiro Barbosa, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

“As periferias são áreas com uma condição de vida mais pobre, o que significa maior uso do transporte público para precisar ir ao trabalho, mais dificuldade na organização das casas, com famílias maiores. Todos esses são fatores que fazem a pandemia começar a ter um ritmo muito acelerado e de forma descontrolada. O momento da aceleração descontrolada da curva de casos e mortes em Natal coincide com a chegada do vírus nessas zonas”, afirma a infectologista Marise Reis, integrante do Comitê Científico da Sesap/RN para combate à covid-19.

No Centro covid-19 do Ginásio Nélio Dias, na zona Norte, a quantidade de suspeitos aumentou nas últimas semanas e aponta um retorno na alta de casos na periferia. Esse crescimento após 9 meses de casos, preocupa as autoridades em saúde com a relação a um novo colapso na rede pública e à dificuldade em controlar o distanciamento social. 

Fonte: Tribuna do Norte