Adriano Nóbrega, suspeito no assassinato de Marielle, é morto em operação na BA


Investigado por envolvimento no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, o ex-policial militar Adriano da Nóbrega foi morto na manhã deste domingo durante uma operação policial na cidade de Esplanada, na Bahia. Ele é apontado como líder de uma milícia e do grupo criminoso conhecido como Escritório do Crime e estava foragido da justiça carioca há pouco mais de um ano por conta de crimes que envolvem grilagem de terras, cobrança irregular de taxas à população e receptação de mercadoria roubada em Rio das Pedras, no Rio de Jan
 
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Adriano da Nóbrega passou a ser monitorado por equipes da Superintendência de Inteligência desde que começaram a chegar informações de que estaria buscando esconderijo no Estado. Na manhã deste domingo, foi localizado na zona rural da cidade de Esplanada, e as autoridades policiais atuaram para detê-lo. Houve troca de tiros durante a tentativa de prisão, e Nóbrega foi ferido. A secretaria afirma que o ex-policial militar chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas faleceu.
 
“Procuramos sempre apoiar as polícias dos outros estados e, desta vez, priorizamos o caso por ser de relevância nacional. Buscamos efetuar a prisão, mas o procurado preferiu reagir atirando”, afirma o secretário Maurício Teles Barbosa. Uma uma pistola austríaca calibre 9mm e outras três armas de fogo foram encontradas na casa onde Adriano da Nóbrega estava, segundo autoridades policiais.
 
O miliciano tem seu nome envolvido em dois casos de investigação que estampam os jornais há mais de um ano e que envolvem a família Bolsonaro: o assassinato da vereadora Marielle Franco e o escândalo da “rachadinha” no gabinete do senador Flavio Bolsonaro quando ainda atuava como deputado do Rio de Janeiro. A relação do ex-policial militar com a família do presidente é antiga. Adriano da Nóbrega já foi homenageado por Flávio Bolsonaro quando estava preso por homicídio, em 2004.
 
O ex-policiais militares Élcio Queiroz e Ronnie Lessa foram acusados por promotores estaduais cariocas pela morte da vereadora Marielle Franco. Lessa responde por efetuar os disparos que mataram Marielle e seu motorista, e Queiroz responde por dirigir o carro que o transportava e auxiliá-lo no crime. Lessa é suspeito de ter ligações com o "Escritório do Crime”, um grupo de matadores e milicianos que atua no Rio de Janeiro e era comandado por Adriano Magalhães da Nóbrega. As investigações sobre o caso envolvem uma trama repleta de falhas.
 
O nome do miliciano também está vinculado às investigações do Ministério Público contra o senador Flavio Bolsonaro, no escândalo da “rachadinha”. A ex-mulher e a mãe do ex-Bope trabalhavam no gabinete de Flávio, então deputado estadual. Existe a suspeita de que ambas eram funcionárias fantasma. Além disso, os promotores acreditam que o miliciano se beneficiava diretamente do esquema de rachadinha (o confisco de parte dos salários de funcionários) que supostamente ocorria no escritório de Flávio (algo que o senador sempre negou). Em mensagem de WhatsApp trocada com a ex-companheira o miliciano diz que “contava” com o dinheiro que ela repassava a Fabrício Queiroz, então assessor do parlamentar e suposto operador do esquema.


Fonte: BEATRIZ JUCÁ/El País Brasil