Audiência em Caicó destaca deficiência no atendimento psiquiátrico no Seridó


Crédito da Foto: João Gilberto

A audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa, por proposição do deputado Vivaldo Costa (PSD), para discutir a Valorização da Vida e os Desafios de Como Enfrentar a Depressão e o Suicídio chegou ao seu final na sexta-feira à noite (28), no plenário da Câmara de Vereadores de Caicó com duas certezas: a doença mental cresceu muito no Seridó, notadamente em Caicó e faltam locais para o tratamento de pacientes.

Os qualificados palestrantes e debatedores que participaram da audiência não pouparam críticas à inexistência de alternativas para o tratamento especializado de pessoas com a doença, desde que foi fechado o hospital Psiquiátrico Milton Marinho, em Caicó.

“A doença mental é uma calamidade pública, cresceu muito e faltam locais para o tratamento de pacientes. Está muito deficitário o atendimento psiquiátrico, porque até agora não foram apresentadas alternativas depois do fechamento do hospital Psiquiátrico de Caicó. Estamos fazendo um diagnóstico da situação em todo o Seridó e por isso serão realizadas mais duas audiências para todos unidos apresentarem uma proposta pra resolver esse problema na região. Vou convidar a governadora Fátima Bezerra para participar de uma audiência logo após esteja concluído esse diagnóstico e tenho certeza que ela encontrará meios para resolver o problema Psiquiátrico do Seridó”, disse o deputado Vivaldo Costa, propositor da audiência pública.

A audiência começou com uma exposição da psicóloga Edna Fidélis sobre o programa de conscientização “Vida Fala Mais Alto”, lançado por ela em São José do Seridó, em 2013 para esclarecer a população que suicídio é um problema público. O índice de suicídio era muito alto para uma população de pouco mais de quatro mil habitantes, conseguindo zerar o número de suicídios no município.

O psiquiatra Salomão Gurgel Pinheiro disse, em depoimento emocionado, que a psiquiatria é uma ciência que tem de tratar do doente mental. Desde 1981, Salomão atua na cidade e vem lutando para se conseguir uma assistência com base científica para o povo do Seridó.

“É um crime se achar que um doente mental tem apenas um pequeno desvio. Temos que acabar com a história que não existe doença mental. O cérebro adoece como qualquer outro órgão. Nós nos envergonhamos dos nossos parentes doentes mentais e escondemos da sociedade. O maior crime contra a saúde de Caicó foi o fechamento do hospital psiquiátrico. Estamos vivendo a angústia de não ter onde internar um paciente que fez tentativa de suicídio”, disse Salomão.

A Mesa dos trabalhos presidida pelo deputado Vivaldo Costa contou com a presença de Edna Fidélis, do estudante Emanuel Santana, que tentou suicídio; da coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV), Marilene Bezerra; do médico Judas Tadeu; do comandante do 6º BPM de Caicó, coronel da PM Valmery Costa; Caio Dantas; professor Samuel Aminon; vereador Ivanildo do Hospital; Suenira Nóbrega, da 10ª DIRED; Salomão Gurgel Pinheiro; psiquiatra Janicéia Lopes; representante da Diocese José Carlos; representante da secretaria municipal de saúde Francisco Sena; Representante da Secretaria Estadual de Saúde, Cordélia Araújo e Fátima Saraiva.

Ao final dos trabalhos, o deputado Vivaldo Costa anunciou que está sendo formado um grupo de especialistas para executar um plano piloto na cidade de Timbaúba dos Batistas para desenvolver um estudo aprofundado para se identificar o nível de influência da consanguinidade – a relação entre indivíduos que apresentam determinado grau de parentesco - nos casos de suicídio.