Em um mês, grupo já evitou quase noventa suicídios na Ponte Newton Navarro



Devido à sua estrutura imponente, a Ponte Newton Navarro se transformou em um ponto turístico de Natal desde que foi inaugurada em 2004. No entanto, a partir de 2009, a imprensa registrou que a ponte começou a se tornar um ponto de suicídio.
Segundo dados divulgados pelo governo, desde 2011, cerca de 1% de todos os suicídios do Rio Grande do Norte aconteceram na ponte. A revista Época apurou que, só neste ano, 413 pessoas se suicidaram a partir do vão central da ponte de 55 metros de altura (equivalente a um prédio de 18 andares). A média é de mais de três suicídios por dia.
O pastor Rubens Medeiros, de 45 anos, conta que se sentiu chamado a evitar os suicídios depois de sonhar que seu filho de três anos era uma das vítimas. “Eu o via subir a ponte e saltar. Acordei apavorado. Naquele momento, entendi que Deus estava falando comigo e decidi que iria acampar aqui, para evitar que as pessoas façam esse horror”, disse ele à Revista Época. “Apenas uma pessoa conseguiu. Foi uma pena”, lamentou o pastor com o olhar vago, mirando a ponte.
A primeira pessoa a ser impedida de cometer suicídio pelos Sentinelas de Cristo foi uma mulher, na noite da Sexta-feira da Paixão de Cristo. Ela queria tirar a própria vida após descobrir a traição do marido. “Foi a primeira noite em que montei acampamento e vi essa mulher surgir subindo a ponte. Corremos e a agarramos. Na primeira noite, éramos apenas eu e mais dois voluntários. Conseguimos impedir que ela se atirasse”, relembrou o pastor.
Desde então, Rubens montou um acampamento na cabeceira da ponte e chamou a atenção de todo o país. Devido à repercussão, o trabalho das Sentinelas foi equipado com mais de 20 rádios para comunicação, toda vez que um suicida em potencial começa a subir a ponte. Eles se dividem em equipes de plantão e cobrem toda a extensão de quase 3 km da ponte, três equipes de cada lado. “As pessoas param aqui para nos cumprimentar. Mas também param para encontrar um ponto descoberto para se jogar”, explica Ailton de Oliveira, de 51 anos, um dos sentinelas. “Há seis anos estou livre das drogas. Estou aqui hoje para retribuir o que Deus fez por mim. Eu também subi essa ponte para me matar. Mas, na hora de pular, Deus falou comigo. Agora é minha vez de devolver esse gesto”, disse.
Entre as quase 90 pessoas que tentaram cometer suicídio, a dor emocional é um ponto em comum. “É impressionante o número de pessoas que tentam se matar porque não se sentem amadas”, comenta Rubens. Na última semana, um caso em particular tocou a todos: uma mãe subiu a ponte com seu bebê nos braços para dar fim à própria vida e à do filho. “Ela não se sentia merecedora de amor”, revelou o pastor. Fonte: Agência O Globo.