Dono da Riachuelo propõe redução da maioridade penal e prisão perpétua para melhorar a segurança pública


Pouco antes do empresário Flávio Rocha subir ao palco do Teatro Riachuelo, nesta sexta-feira, para apresentar seu programa de segurança pública para o Brasil, a plateia ouvia no modo repetição "Tropa de Elite, osso duro de roer. Pega um pega geral, e também vai pegar você", tema do filme "Tropa de Elite". Não podia haver trilha mais adequada para animar o plano, que prevê o endurecimento das penas para todos os crimes, o fim das audiências de custódia, a flexibilização da legislação para compra de armas, a prisão perpétua e a redução da maioridade penal, entre outras propostas mais conservadoras.

— Nós começamos a fazer uma autocrítica que é absolutamente necessário que saiamos da toca. Nós, empresários, trabalhadores que geram riqueza e que suam a camisa, que apostam no Brasil...podemos sim assumir as rédeas desse processo — disse para uma plateia de pouco mais de uma centena de pessoas.
— É um projeto que a classe política não teve coragem de apresentar, porque é refem do politicamente correto — prosseguiu o presidente das Lojas Riachuelo.
Ele chegou a concorrer à Presidência em 1994, mas acabou desistindo no meio da campanha porque seu partido, o PL (hoje PR), preferiu apoiar o candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso. Questionado se irá concorrer novamente, Rocha não descarta.
— Eu acho que é desnecessário uma candidatura heroica para marcar posição. Para não desestimular os que estão mais próximos a mim e lembram do meu nome para a candidatura, eu tenho dito que para marcar posição é melhor do jeito que está — disse evitando sepultar as chances de concorrer.
Apesar disso, o lançamento do plano tinha cara de campanha eleitoral. Havia quatro câmeras de vídeo profissionais instaladas em todos os ângulos do teatro e claque do Movimento Brasil Livre (MBL).
Rocha capitaneia o projeto Brasil 200, lançado no início deste ano, e que pretende organizar um conjunto de propostas que sejam incorporados à candidaturas políticas neste ano.
Durante o evento, também foram distribuídos adesivos em apoio à intervenção federal na segurança pública do Rio. "Eu apoio nossas tropas", dizia o adereço.
Para apresentar o plano, Rocha convocou o ativista Roberto Motta, um dos fundadores do Partido Novo, que defendeu as mudanças na legislação e tentou derrubar "o mito" de que há muitos presos provisórios no sistema carcerário brasilerio.
— Esse é o país das ideias erradas, como a ideia de que as causas do crime são a pobreza e a desigualdade. Mas na verdade, o crime é fruto de uma escolha feita pelo criminoso — afirmou.
Segundo ele, países como a Holanda e a Suíça também têm cerca de 40% de presos provisórios.
Marcelo Rocha Monteiro, procurador de Justiça do Rio, defendeu uma revisão completa do código penal e lei de execuções penais para impedir as progressões de pena, que encurtam o tempo de prisão, e a redução da maioridade penal. Para ele, o Estatuto da Criança e do Adolescente é uma "aberração".
— Já é mais de chegada a hora dos nossos tribunais e dos nossos legisladores pararem de ter piedade dos criminosos e passarem a ter compaixão pelas vítimas — disse.
Ao final, o empresário Roberto Justus, que no ano passado também cogitou concorrer à Presidência, também defendeu leis mais duras para combater o crime.
— Temos que ser rigorosíssimos com isso. Se não mudarem as regras e as leis desse país, não vamos ter a solução. Rola solta a sensação de impunidade...Lá na Arábia Saudita, quando o cara rouba, cortam as mãos dele. O índice de roubo é pequeno. Eu não estou defendendo essa barbaridade aqui. De jeito nenhum. Só estou dando um exemplo — finalizou.

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