Fabricante da ivermectina no Brasil processa Globo, Record, CNN e SBT

 


A Vitamedic, empresa farmacêutica que produz a ivermectina no Brasil, entrou com ações judiciais de direito de resposta contra diferentes veículos de comunicação, como Globo, Record, CNN Brasil e SBT. A companhia contesta a abordagem dada a uma nota do laboratório Merck Sharp & Dohme, que divulgou um comunicado em fevereiro defendendo que não havia evidências de que o produto funcione contra a Covid-19.

Na ocasião, a imprensa repercutiu o comunicado explicando que a própria fabricante da ivermectina contestava o uso do remédio no tratamento ou na prevenção da doença causada pelo coronavírus. A Merck, de origem norte-americana, produz o medicamento no exterior.

"É importante observar que, até o momento, nossa análise identificou: nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19 de estudos pré-clínicos; nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com doença Covid-19, e a preocupante falta de dados de segurança na maioria dos estudos", defendeu a Merck.

Alguns veículos, ao divulgarem a informação, mostraram imagens da embalagem de ivermectina produzida pela Vitamedic. De acordo com a empresa, em nota ao Notícias da TV, isso "induz os leitores e telespectadores ao erro, considerando que transmite a percepção de que a opinião da Merck seria única ou majoritária no ramo farmacêutico, inclusive a da Vitamedic, o que não é verdade".

O processo contra a CNN Brasil foi aberto na 38ª Vara Cível de São Paulo. Em abril, o juiz Luiz Fernando Rodrigues Guerra negou a liminar pedida pela farmacêutica e descartou um espaço para direito de resposta na CNN. Leia abaixo um trecho da decisão do magistrado:

Dos fatos narrados pela parte autora [Vitamedic], não emerge elementos para se afirmar ser necessária a concessão de direito de resposta, pois não vejo qual fato inverídico tenha sido imputado a ela. A autora fabrica o fármaco ivermectina, pois é fato confessado por ela. Ainda, a informação de que o fármaco não teria utilidade para o tratamento da Covid-19 foi identificada como sendo de procedência da Merck, não sendo proveniente da autora. A autora não comprova que, na bula do medicamento em comento, há menção à eficácia do fármaco para o tratamento da Covid-19.

A CNN Brasil publicou o comunicado da Merck em uma notícia no site oficial e também repercutiu na edição de 5 de fevereiro do Visão CNN. Assista abaixo:

As ações da Vitamedic abertas em Osasco e São Paulo contra SBT e Record, respectivamente, também não foram atendidas no pedido de liminar. A solicitação de direito de resposta contra a Globo foi analisada pela 5ª Vara Cível de Goiás, em Anápolis, e negada. Todos os casos ainda serão revistos em audiências de conciliação ou julgamentos.

Veículos como Jornal de Brasília, O Estado de S. Paulo e o site Ric Mais, portal da afiliada da Record no Paraná, também estão na lista de acionados pela fabricante da ivermectina. Em outros casos, a empresa farmacêutica conseguiu um espaço por meio de ações extrajudiciais. Veja abaixo um trecho de uma das notas de direito de resposta da Vitamedic:

A empresa Merck MSD não é produtora de ivermectina para humanos no Brasil. Desconhece-se qualquer estudo pré-clínico que essa empresa tenha realizado para sustentar suas afirmações quanto à ação terapêutica no contexto da pandemia do Covid-19. Contrariamente ao que diz a empresa Merck, existem evidências médicas e científicas ao redor do mundo demonstrando a ação antiviral do medicamento.

Ivermectina e a Covid-19

A ivermectina, indicada para o tratamento de condições causadas por vermes ou parasitas, é um dos remédios defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro no tratamento precoce contra o coronavírus e integra o chamado "Kit Covid", com hidroxicloroquina, azitromicina e flutamida.

No entanto, autoridades de saúde, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a AMB (Associação Médica Brasileira), condenam o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19. O uso indiscriminado do remédio na tentativa de se proteger da Covid pode causar problemas no fígado ou até uma hepatite medicamentosa, de acordo com especialistas.

Com informações do Notícias da TV