Mesmo após repercussão negativa no réveillon, São Miguel do Gostoso segue permitindo festas

 


As celebrações de réveillon foram marcadas por aglomerações no Rio Grande do Norte, especialmente em dois municípios: São Miguel do Gostoso e Tibau do Sul, onde fica Pipa. As grandes festas, “Réveillon do Gostoso” e “Let’s Pipa”, aconteceram com a permissão das prefeituras e reuniram centenas de turistas. 

Multidões sem máscara e, consequentemente, sem medo da Covid-19 em eventos que diziam seguir todos os protocolos de segurança. O uso de máscara, apresentação de testes negativos, disponibilização de álcool em gel e medição de temperatura foram medidas obrigatórias para a realização dos eventos. Entretanto, muitos registros em fotos e vídeos mostraram que algumas dessas medidas não estavam sendo seguidas, principalmente quanto ao uso de máscara por parte dos participantes, nas duas festas. 

Em Tibau do Sul, vinte novos casos foram registrados entre os dias 26 de dezembro – um dia antes do “Let’s Pipa” – e o dia 2, último dia do evento. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), o município passou de 640 casos confirmados para 660. 

O número de óbitos ficou estabilizado em 5. Já em São Miguel do Gostoso, o número de casos de Covid-19 se manteve igual no período do “Réveillon do Gostoso”, ainda segundo o boletim da Sesap. Ou seja, não foi registrado nenhum novo caso entre os dias 27 de dezembro e 2 de janeiro. Ao todo, o município tem 237 casos confirmados e 8 óbitos. 

Segundo o Secretário de Saúde de São Miguel do Gostoso, Hugo Patrício, além de não haver registros de novos casos, a pasta também não notificou outras ocorrências referentes ao coronavírus no município. Ele afirmou também que o sistema de saúde está abastecido e preparado caso haja aumento de casos. 

“É uma preocupação nossa também saber essas consequências. A prefeitura fiscalizou todos os dias da festa, eu mesmo estive pessoalmente presente. Até o dia de hoje não houve novos registros de casos e o sistema de urgência está tranquilo”, informou Hugo. 

“Nós preferimos ter um evento com 2 mil pessoas seguindo todos os protocolos do que ter cem eventos com 200 pessoas cada, sem fiscalização. Porque a aglomeração no município já estaria garantida, com ou sem a realização desse réveillon”, reiterou o secretário. 

O Agora RN tentou falar com a Prefeitura de Tibau do Sul, mas até o fechamento da matéria não obteve resposta por parte da gestão do recém-empossado prefeito Valdenício Costa (DEM). 

As consequências das aglomerações de fim de ano poderão demorar mais alguns dias para serem, de fato, sentidas. Uma vez que os sintomas do novo coronavírus podem aparecer em até 14 dias após o contato com pessoas infectadas, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde. 

As duas festas de ano novo são consideradas as principais do estado e foram permitidas após muitos debates. Cada uma reuniu cerca de 2 mil pessoas, em espaços abertos, nas praias de Pipa, no litoral Sul potiguar, e São Miguel do Gostoso, no litoral Norte. Desde 8 de dezembro de 2020, o Governo do RN suspendeu todos os eventos públicos e privados e recomendou aos municípios que fizessem o mesmo. 

Responsabilização 

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) informou que as fiscalizações dos protocolos estabelecidos pelos decretos municipais de Tibau do Sul e São Miguel do Gostoso competem às referidas prefeituras. E que caso seja observado leniência, fraude ou falta de fiscalização que resultem em danos à saúde pública, o MPRN deverá tomar as providências cabíveis para responsabilizar as autoridades competentes. Porém, o órgão ressaltou que é ainda cedo para observar essas consequências.

AGORA RN