Conta de luz veio mais cara? Saiba checar seu consumo e contestar o valor cobrado


Antes da Covid-19, funcionários das empresas de energia de todo o país iam até casas, comércios e qualquer imóvel com fornecimento de energia ativo para fazer a leitura de consumo. Eles registravam os números grandes do medidor de energia, que representam o quanto cada imóvel gastou em um período, e, assim, calculavam o valor mensal da fatura.

Para evitar a disseminação do novo coronavírus, as distribuidoras deixaram de enviar seus funcionários para fazer a leitura e passaram a calcular o consumo de energia por estimativa, somando o que cada imóvel consumiu durante 12 meses e dividindo esse valor por 12. O total é uma média de consumo mensal, que as distribuidoras usam para calcular as faturas de energia elétrica. A metodologia tem causado reclamações de clientes.

Esse cálculo por estimativa é uma das recomendações da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) na pandemia. É, também, um dos motivos para o aumento de valor nas contas de energia das casas. Pior é a situação de imóveis comerciais que não estão funcionando na pandemia, mas são cobrados como se estivessem consumindo.

Estimativa já era aplicada em alguns casos
A conta de luz por estimativa já era aplicada antes do isolamento social em situações específicas, diz José Gabino, técnico da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica).

"Algumas vezes, você não consegue fazer a leitura. Por exemplo, a casa está fechada, e você faz um cálculo com base na média de consumo. Verifica-se qual foi o consumo médio dos últimos três meses, por exemplo, e cobra-se aquele valor no mês em que não houve a leitura. Se no mês seguinte houver algo diferente, o consumidor é ressarcido".

Como verificar o cálculo da minha conta de luz
Para quem está insatisfeito com a sua conta de energia elétrica, Gabino recomenda entrar em contato com a distribuidora por telefone ou pelos canais de comunicação que a empresa disponibilizar, como site e WhatsApp.

O consumidor deve perguntar qual é o cálculo que a distribuidora de energia usa para a sua conta durante a pandemia e questionar como a empresa chegou ao valor final da sua fatura.

Se o cálculo usado pela distribuidora for por estimativa, o consumidor pode comunicar à empresa qual foi o seu consumo, com os números que ficam no relógio de registro de energia do imóvel. O cliente poderá ser compensado na próxima fatura se o cálculo com o registro de consumo for diferente do valor estimado.

Os atendimentos pela internet, aplicativos e telefone são os únicos meios de contato com as empresas. Por causa das medidas de isolamento, os espaços de atendimento presencial das distribuidoras estão fechados.

Se não tiver resposta, a Aneel recomenda que o consumidor entre em contato com a ouvidoria da sua distribuidora ou ligue para a ouvidoria da própria Aneel, no telefone 167.

Você mesmo pode informar seu consumo de energia
Além da conta de luz por estimativa, a Aneel determinou que as distribuidoras devem disponibilizar uma opção de autoleitura, para que os próprios consumidores possam enviar informações dos seus registros de consumo a cada mês e, assim, ter o valor da sua fatura de energia de acordo com o que usou.

O primeiro passo para comunicar os registros do seu relógio de energia é saber qual é o canal de autoleitura que a sua distribuidora disponibilizou na pandemia. "É importante que o consumidor ligue ou verifique no site da empresa distribuidora qual é a forma correta de enviar essa informação", disse Gabino.

As distribuidoras que têm aplicativos, por exemplo, desenvolveram novas funcionalidades na própria aplicação para a autoleitura do consumo de energia.

Para seguir com a leitura na ferramenta correta (aplicativo, site, telefone), o consumidor informa os números de registro do seu consumo e envia uma foto do seu relógio com os números que identificou, quando os canais de autoleitura são sites e aplicativos. Com os números e a foto do relógio, a empresa consegue verificar se as informações são verdadeiras.

Confira abaixo instruções sobre autoleitura no vídeo da distribuidora Enel, que atua, entre outros locais, em São Paulo. A partir deste mês, a empresa retomará o serviço de leitura presencial em São Paulo.